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TERAPIA DA DOENÇA PERITONEAL NO CÂNCER GÁSTRICO

Autor: André Maciel da Silva
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Introdução

Embora sua incidência venha diminuindo gradativamente nos últimos anos, o câncer gástrico continua sendo uma doença prevalente e de alta letalidade. Excluindo-se alguns países do extremo Oriente, onde eficientes programas de rastreamento permitem uma alta taxa de diagnóstico precoce e, por conseguinte, elevadas taxas de cura da enfermidade, no Ocidente, o câncer gástrico se impõe como um grande desafio para a sociedade.

Segundo a Agência Internacional para Pesquisa no Câncer (Iarc),1 eram esperados 1 milhão de novos casos de câncer gástrico no mundo para o ano de 2019. Excetuando-se as neoplasias malignas de pele não melanoma, o câncer gástrico se coloca como a quinta neoplasia maligna mais incidente (5,7% do total). Quanto à mortalidade, são esperadas 783 mil mortes decorrentes da doença, representando 8,2% das mortes por câncer, ocupando a terceira colocação em números absolutos.

Segundo levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca),2 eram esperados, para o ano de 2019, no Brasil, cerca de 13.540 novos casos de câncer gástrico entre os homens (quarto tumor mais incidente, excetuando-se os tumores de pele não melanoma) e 7.750 novos casos entre as mulheres (sexto câncer mais incidente).

A progressão locorregional do câncer gástrico, frequentemente, resulta em carcinomatose peritoneal. Durante a laparotomia/laparoscopia, de 15 a 50% dos pacientes apresentarão carcinomatose peritoneal, principalmente, se houver expressão serosa do tumor.3,4 O prognóstico dos pacientes com carcinomatose é muito ruim, com sobrevida média de 6 meses.5,6

Mesmo após uma ressecção “curativa”, a recidiva peritoneal do câncer gástrico se apresenta como um dilema. Dois estudos italianos mostraram recidiva peritoneal em 17 e 32,9% dos pacientes.7,8 Um estudo coreano com 500 pacientes submetidos à cirurgia radical apontou a carcinomatose peritoneal como principal forma de recidiva (51,7% das recidivas).9

Um estudo japonês com 530 pacientes também sinalizou a carcinomatose peritoneal como principal forma de recidiva (15,8% dos casos).10 Assim, tanto a apresentação sincrônica como a metacrônica da carcinomatose peritoneal representam o ponto central na recidiva do câncer gástrico e, muitas vezes, na sua irressecabilidade.

Deve-se considerar, ainda, a disseminação peritoneal microscópica do câncer gástrico detectada por meio da análise do líquido peritoneal e que se apresenta como importante fator de risco para o desenvolvimento da carcinomatose peritoneal.

O tratamento da doença peritoneal decorrente da disseminação do câncer gástrico representa, portanto, um verdadeiro desafio. Várias modalidades terapêuticas foram desenvolvidas tanto para o contexto da terapia com intuito curativo como no cenário da paliação e mesmo na prevenção do desenvolvimento de metástases peritoneais.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer a dimensão da problemática do câncer gástrico no Brasil e no mundo;
  • identificar a história natural do câncer gástrico com citologia positiva e/ou implantes peritoneais;
  • listar as diferentes modalidades terapêuticas para o combate da doença peritoneal.

Esquema conceitual

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