Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a importância epidemiológica da toxoplasmose ocular no Brasil e no mundo;
- identificar como ocorre o ciclo do parasito;
- identificar como evitar a transmissão do parasito;
- diagnosticar as diferentes formas de toxoplasmose ocular;
- indicar o tratamento da doença por meio dos diferentes esquemas possíveis e de acordo com a situação clínica adequada;
- indicar corretamente e prescrever a profilaxia nos casos de recidiva frequente.
Esquema conceitual
Introdução
A toxoplasmose é uma doença causada por um protozoário intracelular obrigatório, o Toxoplasma gondii, que pertence ao filo Apicomplexa. Esse parasito pode se apresentar de diferentes formas — oocistos, taquizoítos e bradizoítos — e possui o gato como o seu hospedeiro definitivo.1 Seres humanos e outros mamíferos e aves atuam como hospedeiros intermediários em seu ciclo de vida.
Estima-se que aproximadamente um terço dos indivíduos em todo o mundo esteja cronicamente infectado pela toxoplasmose, que pode ser considerada a principal causa de uveíte posterior no mundo.2
A primoinfecção de seres humanos ocorre principalmente por meio de três mecanismos:3
- ingestão de água e alimentos contaminados por oocistos;
- ingestão de carne crua ou malcozida contaminada por cistos teciduais;
- passagem transplacentária de taquizoítos durante a primoinfecção materna, o que configura a forma congênita.
A primoinfecção em crianças e adultos imunocompetentes é majoritariamente assintomática. Apenas 10% dos casos desenvolvem sintomas inespecíficos e autolimitados, sendo os mais frequentes febre, mialgia e linfadenopatia cervical e occipital.1 Em casos raros, miocardite, encefalite, polimiosite, pneumonite e hepatite podem acontecer, sendo mais frequentes em imunocomprometidos.
Os quadros de toxoplasmose ocular podem ocorrer tanto por infecção congênita quanto adquirida, e acredita-se que atualmente a infecção adquirida seja a forma mais comum.4 A doença é tipicamente recorrente, de modo que o indivíduo infectado pode apresentar reativação da retinocoroidite em qualquer momento da vida.5