Introdução
Apesar de os primórdios da medicina transfusional datarem do século XVII, foi apenas no século XX que algumas publicações começaram a mudar a visão médica sobre o uso terapêutico do sangue. Em 1900 e 1901, o Dr. Karl Landsteiner publicou dois artigos que determinaram os tipos de sangue em humanos, permitindo que a transfusão homóloga se tornasse mais segura.1,2 Em 1916, Rous e Turner desenvolveram soluções preservativas capazes de manter o sangue estocado e viável.3,4 Esses marcos da medicina transfusional moderna permitiram a estocagem de sangue e a realização de testes de segurança, a fim de oferecer produtos seguros para o receptor.
A Medicina Veterinária nunca esteve longe dos avanços supracitados, uma vez que os testes foram realizados em sangue de coelho e de primatas não humanos. Na década de 1950, foi criado o primeiro banco de sangue veterinário, nos Estados Unidos. Desde então, as tecnologias utilizadas para o sangue humano também são aplicadas à Veterinária, de forma que atualmente é possível oferecer sangue e seus subprodutos para pacientes veterinários. Neste artigo, serão abordados os principais aspectos da medicina transfusional para a rotina terapêutica de cães e gatos.
Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- reconhecer os principais aspectos relacionados à medicina transfusional em cães e gatos;
- identificar os tipos sanguíneos de cães e gatos;
- reconhecer os critérios e ferramentas para a colheita de sangue em cães e gatos;
- reconhecer a importância do fracionamento sanguíneo;
- identificar as principais indicações do uso de hemocomponentes no contexto veterinário;
- reconhecer os testes de reação cruzada existentes;
- reconhecer as principais reações transfusionais (RTreação transfusionals) em cães e gatos.