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USO DE SOMATROPINA EM PACIENTES SOBREVIVENTES DE NEOPLASIAS

Autor: Adriane de Andre Cardoso-Demartini
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir a baixa estatura;
  • explicar a possível relação entre o hormônio do crescimento (em inglês, growth hormone [GH]) e o câncer;
  • reconhecer o diagnóstico da deficiência de hormônio do crescimento (DGH) em sobreviventes de câncer;
  • reconhecer a indicação para o hormônio do crescimento recombinante humano (rhGH) em sobreviventes de câncer;
  • discutir os resultados do tratamento com rhGH em crianças, adolescentes e adultos sobreviventes de câncer;
  • identificar os efeitos adversos e a segurança do tratamento com rhGH em sobreviventes de câncer.

Esquema conceitual

Introdução

O câncer infantil é uma das principais causas de morte em crianças em todo o mundo. A incidência de câncer em crianças de 0 a 14 anos de idade foi de 140,6 por milhão de pessoas/ano e, naquelas de 0 a 19 anos de idade, foi de 155,8 por milhão de pessoas/ano.1 As taxas de incidência em ambas as faixas etárias foram ligeiramente maiores em meninos do que em meninas.2

Os cânceres mais comuns na infância são:2

  • leucemias — 28,8%
  • tumores do sistema nervoso central (SNC) — 24,0%;
  • linfomas —11,2%.

A leucemia linfoblástica aguda é responsável por cerca de 80% dos casos de leucemia na infância, com taxas de sobrevida livre de eventos de até 90% após o tratamento com quimioterapia múltipla.3 Os tumores cerebrais são o maior grupo de tumores sólidos em crianças e adolescentes, sendo o meduloblastoma a neoplasia maligna do SNC mais frequente.4

O craniofaringioma corresponde entre 5 e 10% dos tumores de SNC pediátricos. Além disso, há síndromes genéticas em que há predisposição a neoplasias cerebrais, como a neurofibromatose tipo 1, a esclerose tuberosa e a síndrome de Li-Fraumeni.4 O tratamento de neoplasias melhorou nas últimas décadas, com um aumento substancial no número de sobreviventes de câncer.5

A obesidade, a síndrome metabólica, as alterações endócrinas, as malignidades secundárias e os distúrbios do crescimento são consequências frequentes do tratamento do câncer durante a infância;5 e sais comuns em pacientes que receberam transplante de medula óssea ou radiação craniana.3

O crescimento de uma criança é resultado de uma complexa interação de fatores genéticos, hormonais, nutricionais e ambientais e reflete sua condição de saúde. São muitos os fatores que podem causar crescimento deficiente em sobreviventes de câncer infantil, como:3,6

  • mal nutrição;
  • baixo índice de massa corporal (IMC);
  • uso de glicocorticoides em longo prazo;
  • DGH.

A DGH é o distúrbio hipotálamo-hipofisário mais frequente em sobreviventes de câncer infantil e pode ser consequência da disfunção hipotalâmico-hipofisária causada pelo próprio tumor, por ressecção cirúrgica ou por radioterapia.5

Por um possível papel cancerígeno do GH em estudos experimentais que mostraram um papel permissivo do GH e do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (em inglês, insulin-like growth factor 1 [IGF-1]) na carcinogênese e por relatos de casos de leucemia em pacientes tratados com GH (incluindo pacientes com fatores de risco conhecidos para malignidade e que receberam GH obtido em hipófises de cadáveres),7–9 muitas crianças e adolescentes são privados de uma reposição hormonal após o tratamento de um câncer ou de um tumor cerebral que causou a DGH. Essa condição leva à baixa estatura na idade adulta, o que pode provocar impactos psicossociais importantes.9

Os benefícios adicionais do rhGH na otimização da composição corporal, na saúde óssea, no metabolismo e na qualidade de vida fornecem uma justificativa adicional para o tratamento de crianças e adultos com DGH.7,10 Neste capítulo, serão abordadas questões sobre o papel oncogênico do GH, bem como o diagnóstico de DGH, o tratamento e a segurança do rhGH em sobreviventes de câncer infantil.

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