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USO SEGURO DE MEDICAMENTOS

Mariana Martins Gonzaga do Nascimento

Adriano Max Moreira Reis

Cristiane de Paula Rezende

Raissa Carolina Fonseca Cândido

Mário Borges Rosa

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Introdução

A preocupação com a segurança do paciente e eventos adversos relacionados a medicamentos é um advento relativamente recente no mundo. A noção inapropriada de que é possível prestar cuidados em saúde sem causar nenhum dano ao paciente, e de que basta a qualificação de profissionais para prevenir erros, ainda está presente em muitos ambientes de assistência à saúde, sendo necessário ampliar as discussões sobre essa temática.

A segurança do paciente é a redução de riscos de danos relacionados à assistência à saúde a um mínimo aceitável; e não a ausência total do risco ou dos danos.1 A busca por esse “mínimo aceitável” nasce sobretudo da ciência e do reconhecimento de que danos relacionados à assistência são uma realidade, o que fica evidente com a publicação do relatório To Err is Human: Building a Safer Health System pelo Institute of Medicine (IOMInstitute of Medicine).2

O relatório do IOMInstitute of Medicine apresentou a estimativa alarmante de que erros relacionados à assistência à saúde acarretaram entre 44.000 e 98.000 mortes hospitalares por ano somente nos Estados Unidos.3 Esses resultados emblemáticos fizeram com que a temática passasse a ocupar destaque nos debates sobre saúde, estimulando o diálogo profissional sobre a segurança do paciente e demandando a necessidade de ações globais.

Mediante tal cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Aliança Global para Segurança do Paciente em 2004, sendo que, três anos após sua criação, em 2007, o Brasil também passou a ser um de seus membros. Constituída como um esforço internacional, a Aliança foi a primeira iniciativa envolvendo a OMS, agências reguladoras, governantes e pacientes, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento de políticas e práticas em segurança do paciente nos estados-membros e reduzir danos causados por eventos adversos em saúde.1,4 Sua criação permitiu a formação da Unidade de Segurança e Gerenciamento de Risco da OMS, que, entre suas iniciativas, institui o Desafio Global de Segurança do Paciente.5,6

O Desafio Global de Segurança do Paciente tem como objetivo identificar áreas de risco significativo para a segurança do paciente e fomentar o desenvolvimento de ferramentas e estratégias de prevenção de danos. Os dois primeiros desafios foram lançados em 2005 e 2008, com os temas “Higienização das Mãos” e “Cirurgia Segura”, respectivamente, e tinham como objetivo central a redução de infecções associadas aos cuidados em saúde e do risco associado às cirurgias. O terceiro, lançado em 2017, é denominado “Medicação sem danos” (em inglês, Medication without harm), e conclama o mundo a ampliar a consciência acerca dos danos relacionados ao uso de medicamentos.5-8

Este capítulo abordará a segurança no uso de medicamentos e suas interfaces com a segurança do paciente. Os determinantes de erros de medicação serão analisados, assim como a sistemática de classificação, visando estabelecer medidas para preveni-los e para evitar sua ocorrência em serviços de farmácia. As práticas seguras no uso de medicamentos serão apresentadas para orientar na oferta de um cuidado seguro, contribuindo para a segurança do paciente.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • analisar as definições e os conceitos relacionados à segurança no uso de medicamentos;
  • classificar os tipos de erros de medicação;
  • identificar as principais causas dos erros de medicação;
  • implementar práticas seguras para o uso de medicamentos.

Esquema conceitual

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