SÍNDROME DE CHARLES BONNET

Autores deste artigo

• GALENO HASSEN SALES

Resumo

A síndrome de Charles Bonnet é um daqueles desafios em Medicina Geriátrica. No momento em que a discussão sobre etarismo já alcança o público leigo, os médicos devem evitar raciocínios clínicos superficiais nas pessoas idosas. O encontro de sintomas neurocomportamentais não pode, de modo simplista, levar ao diagnóstico de comprometimento cognitivo, embora seja algo bastante comum nessa faixa etária. Trata-se, na verdade, de uma condição em que indivíduos cognitivamente normais, mas com deficiência visual, experimentam alucinações visuais simples ou até mesmo complexas. A patogênese exata ainda é pouco conhecida, aceitando-se a desaferentação como um possível mecanismo causal. O conhecimento e a conscientização sobre essa condição entre os médicos ainda são muito baixos. O artigo propõe ao leitor não só o conhecimento da síndrome, mas a devida caracterização dos sintomas, passando por uma breve revisão da fisiologia da visão. Seu correto diagnóstico tem grande impacto na qualidade de vida dos pacientes que sofrem com o temor e o estigma de doenças psiquiátricas devido a falhas em terapias instituídas e com a possibilidade de declínio cognitivo iminente. Como será visto, uma das formas mais corretas de abordagem consiste no esclarecimento sobre a síndrome, tão ou mais importante do que a correção do déficit visual.

Palavras-chave

Síndrome de Charles Bonnet; Alucinações visuais; Baixa acuidade visual