- Introdução
Este artigo propõe pontuar as mudanças culturais nas concepções de ciência e de natureza, a partir do fim da antiga noção de cosmos, regido pela ideia de finalidade e perfeição, dando lugar ao universo infinito e descentrado moderno, com o advento de uma cultura da ilimitação e do deslimite, avaliando as implicações éticas de tais mudanças.
- Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
- identificar as mudanças culturais na concepção de ciência e natureza;
- refletir sobre a relação do homem com a natureza;
- reconhecer o advento de uma cultura ilimitada e implicações éticas desse processo.
- A ciência: entre destino e destinação
Em sua obra Dialética do esclarecimento de 1944, Adorno e Horkheimer refletem sobre as relações entre a Ciência e o Totalitarismo. Seu contexto foi o exílio americano, no momento em que a Segunda Guerra Mundial estava por terminar, quando Adorno e Horkheimer, entre outros foragidos do Nazismo, testemunharam dois crimes de dimensão industrial: o genocídio dos judeus da Europa e o uso da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki.
Acrescente-se a Guerra Fria que, depois de 1947, dividiu o mundo em 2 blocos, e o ameaçou com um terceiro conflito, pois resultou nas perseguições comandadas por MacCarthy e no perigo do fascismo também nos Estados Unidos.
Fascismo e técnica reunidos na guerra imperialista produzem o medo e o terror de que a Ciência deveria liberar o homem. Considerando o mundo científico e a vida política como um conjunto de defesas contra o medo, a Teoria Crítica que viria a ser associada à Escola de Frankfurt, elaborada por estes filósofos, responsabiliza a razão pelos sofismas científicos do progresso e pela produção do irracional dos totalitarismos.
Nesse âmbito, Adorno e Horkheimer observaram que a ciência, assim como o mito, têm uma raiz comum na luta pela sobrevivência, na autoconservação e na angústia, cuja origem é o medo do desconhecido, do amorfo, do indiferenciado, do que não possui identidade:1
a transformação das pessoas em animais como castigo é um tema constante dos contos infantis de todas as nações. Estar encantado no corpo de um animal equivale a uma condenação. Para as crianças e os diferentes povos, a ideia de semelhantes metamorfoses é imediatamente compreensível e familiar. Também a crença na transmigração das almas, nas mais antigas culturas, considera a figura animal como um castigo e um tormento. A muda ferocidade no olhar do tigre dá testemunho do mesmo horror que as pessoas receavam nessa transformação. Todo animal recorda uma desgraça infinita ocorrida em tempos primitivos.
O mundo animal é sem “conceito”, o do homem requer o princípio de identidade, de identificação, de diferenciação, porque a indeterminação das coisas e o inexplicável ameaçam os seres mais vulneráveis da natureza por lhes faltar o instinto, essa inteligência psicossomática que protege as outras espécies animais.
Já Platão se referia à fragilidade biológica da humana condição, quando se valia do mito dos irmãos Epimeteu e Prometeu para ilustrá-la. Com efeito, a etimologia revela que métis sendo “razão”, “pensamento”, “epi” é o que “vem depois” e “pro” o que se apresenta antes.
Assim, no Protágoras, a narrativa expõe que Zeus, tendo terminado a feitura dos últimos seres da Terra, entregou a Epimeteu todos os recursos de que os animais necessitariam à sua segurança. Aos animais não agressivos, forneceu corrida veloz; aos peixes, a possibilidade de respirar sob as águas; a outras espécies, garras; mas, chegada a vez dos homens, os meios já se haviam esgotado. Como seu nome o indica, Epimeteu é o imprevidente a quem sucede Prometeu que, capaz de antecipar o futuro, forneceu aos homens o fogo, o cálculo, o conhecimento técnico. Por não ser um “animal racional” e a “razão” ser uma “história”, a privação do instinto condena o homem à técnica e, assim, ela não é a aplicação da ciência, mas sua “alma”.
LEMBRAR
A Ciência antiga compreendia a natureza, a physis, no horizonte da transitoriedade de todos os existentes nessa periferia do Universo, sujeitos ao engendramento e à corrupção, ao surgimento e ao desaparecimento, ao nascimento e à morte.
Em contrapartida, os gregos conceberam a natureza como eterna: “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.”2 A natureza é, para a ciência antiga, Ananke, a necessidade a que tudo está submetido, mesmo os deuses imortais e bem-aventurados.
Com efeito, o mundo não foi criado para o homem e lhe é inóspito com suas intempéries, verões calcinantes, rigorosos invernos, terremotos, pestes, doenças e outros sofrimentos que lembram a todo momento nossa precariedade e vulnerabilidade, reconhecendo que nossa inteligência é limitada, e o conhecimento da natureza, imperfeito.
Eis por que, para a Ciência antiga, o homem não domina a natureza, pouco interferindo nela:3
o homem atravessa, ousado, o mar grisalho,/impulsionado pelo vento sul/tempestuoso, indiferente às vagas/enormes na iminência de abismá-lo;/e exaure a terra eterna, infatigável/,deusa suprema, abrindo-a com o arado/em sua ida e volta, ano após ano./Ele captura a grei das aves lépidas/as gerações dos animais selvagens:/ e prende a fauna dos profundos mares/nas redes envolventes que produz/o homem de engenho e arte inesgotáveis;/[...]ocorrem-lhe recursos para tudo/e nada o surpreende sem amparo;/somente contra a morte calmará em vão por um socorro, embora saiba fugir até dos males intratáveis/[...].Sutil de certo modo na inventiva/além do que seria de esperar,/e na argúcia, que o desvia às vezes para o mal.
O arado fende a terra, mas ela se recompõe, as naves sulcam os mares, mas a calma perturbada das águas se recompõe da ferida. Porque a natureza é mais forte que a técnica, o homem não tinha poder não sobre ela, mas sobre a técnica, sempre recomendando a prudência, aludindo às consequências do ultrapassamento dos limites que leva à ruína e à perdição.
Neste sentido, Platão fundou, para o Ocidente, a ideia de desregramento dos desejos como desordem da alma, cuja desmedida transforma razão em tirania; as paixões, em paixão da glória, vaidade e ambição; os prazeres dos sentidos, em concupiscência. Na continuidade desta tradição, Santo Agostinho denominou libido sentiendi o excesso dos prazeres dos sentidos, libido dominandi a paixão de possuir sempre mais, exercendo poder sobre corpos e consciências, e libido sciendi a paixão de ver e de saber ilimitados.4,5
O desejo exorbitante de conhecer procede de que “saber é poder”, como viria a afirmar Bacon no século XVII. O projeto patriarcal de dominação da natureza se encontra mais explícito no momento inaugural da modernidade, quando Descartes anotou: “graças e através da técnica, o homem será mestre e senhor da natureza”.6,7
LEMBRAR
Para os gregos, diferentemente, o espetáculo da natureza reclamava uma origem, definida como phos, a luz como arché da natureza, luz que criava os seres como obras-de-arte, arché divina, contemplada para ser compreendida pela theoria que, enquanto theo-orein, é “o olhar (orein) de deus (theos)”, é “ter cuidado com o ver”, é respeitar.
Respeitar, no latim, é “re-spectare”, é voltar a olhar, olhar de novo, é “cuidar”. Já a modernidade científica equipara lux divina e lumen naturale pela análise geométrico-algébrica dos raios luminosos e de uma fisiologia do olho: o lumen naturale é capaz do mesmo conhecimento do que a lux divina.
A luz de que o universo antigo é constituído em tudo difere da luz do Iluminismo filosófico e científico moderno sobre o qual Adorno e Horkheimer anotaram: “O Iluminismo, no sentido mais amplo do pensar que faz progressos, sempre teve por meta livrar os homens do medo e fazer deles senhores. Porém, a Terra inteiramente iluminada brilha sob a luz de uma triunfante desventura.”1
Na ruptura entre o cosmos antigo e o moderno, transforma-se a physis em natureza, não mais a ser contemplada com admiração e estupor, com maravilhamento e terror, mas, dessacralizada, tendo apenas valor de “matéria prima”, cuja genealogia se encontra na tradição bíblica, quando Deus, no Gênesis, ordena ao homem que ele “reinará sobre os pássaros no céu, os peixes no mar e os animais na Terra”, de que o projeto tecno-científico contemporâneo é a forma cabal.
Porque o homem tem medo das alturas celestiais e dos abismos infernais, do lado esquerdo do mau-agouro e do espaço infinito, do para sempre e do nunca mais, como também do escuro e da loucura, dos inimigos e da traição, da censura e da tortura; porque se teme o Mal da natureza e “o que o homem faz ao homem”, a razão esclarecida procurou vencer os temores reais e os imaginários, desenvolvendo o conhecimento, na ciência, e organizando a vida ética, a solidariedade e a segurança na política: “do medo o homem presume estar livre”, escrevem Horkheimer e Adorno, “quando não houver mais nada de desconhecido”.1
Para vencer a exterioridade da natureza e a alteridade do mundo, a razão científica “identifica o animado ao inanimado, assim como o mito identifica o inanimado ao animado. O esclarecimento é a angústia mítica radicalizada.”1 Racionalização do medo e mitificação da razão significam que a ciência não vence o medo, mas o transforma em conteúdo do pensamento racional que, para dominar o desconhecido, mobiliza força e poder sobre todas as coisas.
Assim como o mito exigia sacrifícios de sangue para aplacar as forças naturais, a ciência moderna considera as catástrofes produzidas pela ciência e pela técnica acidentes de percurso do progresso, e a violência constitutiva de todas as relações: “não existe continuidade da barbárie à civilização, mas há uma linha reta do estilingue à bomba de megatons”.8 As proposições da ciência são autoidealizações onipotentes voltadas à autoconservação, presas à natureza imediata governada pela lei do mais forte: “a paranoia”, escrevem Adorno e Horkheimer, “é a sombra do conhecimento”.1
Também a política, voltando-se para a autoconservação, torna-se vontade de domínio, como na fusão de teologia e política, baseadas, ambas, na ideia de “proteção”: “os protetores, os condottieri, os senhores feudais, as ligas, sempre protegeram e, simultaneamente, exigiram resgate daqueles que dependiam deles. Cuidavam, dentro de seus domínios, da reprodução da vida.”1
Nas Minima moralia e em O céu desce à Terra, Adorno recusa a sabedoria “burguesa e mesfistofélica” de ratificação do Mal existente, a que opera no adágio de que a injustiça é o meio da justiça, e que tudo que existe merece desaparecer. Seria “desolador pensar que no universo infinito não se faça outra coisa senão comer ou ser comido”.9 Essa é, para Adorno, a história da naturalização da violência no interior da cultura e o que inviabiliza perceber que a vida em sua imediatez é inseparável de tudo “que é opressivo e destruidor”.
A autoconservação é impulso cego de autopreservação que não transcende a ordem adversa da natureza e a da servidão política, prolongando assim seu domínio no interior da cultura que deveria dominá-las.
Deste modo, cartomantes e quiromantes, ocultistas e astrólogos que exercem influência sobre massas precarizadas pelo medo, em um ambiente de pobreza intelectual, reanimam o mundo explicado pela ciência ao preço da força e do embotamento da razão, com uma “bola de cristal”: a exclusividade das leis lógicas se origina nessa univocidade de função, em última análise no caráter coercitivo da autoconservação. Esta culmina sempre na escolha entre sobrevivência ou morte, escolha essa na qual se pode ainda perceber um reflexo no princípio de que, entre duas proposições contraditórias, uma só pode ser verdadeira e só uma falsa.
O mundo criado a sua imagem e semelhança é o da evidência e seu mito da falsa clareza, cujo correlato é a crença na ideia de um progresso contínuo se assemelha à consulta ao horóscopo, cujo poder de atração é o mesmo do mito e da ideologia, com sua “racionalidade irracional”. Adorno encontra aqui as condições provedoras de atitudes irracionalistas e a proliferação de personalidades autoritárias, ressentidas e manipuladoras: “a superstição, a crença em determinações místicas ou fantásticas do destino do indivíduo, tal como a estereotipia, [...] podem ser compreendidas como expressões da fraqueza do Ego”.10
O desencantamento da cultura e o advento da indústria cultural que transformou a educação em utilitarismo, entretenimento e consumo de conhecimentos correspondem à desauratização do papel filosófico e existencial do saber que reunia “espírito geométrico” e seu rigor demonstrativo e esprit de finesse, operações delicadas da inteligência e das nuances, em suas possibilidades de utopia e emancipação.
Sob o domínio do medo e da perda do domínio sobre a própria vida — uma vez que os homens produzem pacificamente os meios de destruição social — retorna o teológico-político11 e o poder da transcendência sobre ações e deliberações.
Pense-se na ideologia da racionalidade tecnológica e seus especialistas,12 na desvalorização de todos os valores e na queda de todos em valor de troca;13 na cultura filisteia e no pensamento por tickets,14 na indústria cultural e na cultura do entretenimento,15 na política convertida em prestação de serviços,16 no horóscopo e na vedetização da política,17 na “escalada da insignificância” e no colunismo social.18 Fim portanto do ideário de maioridade intelectual e política com a consequente infantilização da sociedade e seu desejo de tutela.
Neste sentido, importa a Adorno o cruzamento de horóscopo,19 superstição e personalidade autoritária, pois a astrologia possui, para ele, a mesma estrutura do antissemitismo, a meio-caminho entre “realismo e fantasias paranoicas”:20–22
A projeção é um meio que permite ao Id resguardar o comando sobre o ego alienado. O indivíduo antidemocrático está disposto a ver no mundo externo pulsões que ele mesmo reprimiu — complôs, conspirações e o perigo de catástrofes naturais — e tanto mais fortes quanto maiores as necessidades inconscientes de sua destrutividade.
Conhecida como “astrologia política”, há muito na Alemanha, ela auxiliava o exercício do poder — Rudolph Hess era um praticante, Himmler um partidário, Hitler se cercava de astrólogos.23,24 O horóscopo é, para Adorno, uma superstição de “segunda-mão”, agora relacionada com a indústria da cultura que “duplica a astrologia na consciência dos homens”.25,26
Com efeito, na doutrina astrológica, a vida social é destino de que o homem pode escapar se guiado pelos bons conselhos do horóscopo.
O horóscopo indica ocasiões favoráveis para as finanças ou na profissão. Deste modo, o capitalismo é astrológico — a economia já está pré-determinada nas estrelas, é previsível, as crises são “cíclicas”. Também o mito é astrológico, pois no horóscopo o mundo tal qual é já está confirmado desde sempre, o mito narrando as origens e orientando as regras da vida econômica:27
a superstição indica a tendência de se retirar a responsabilidade do indivíduo para colocá-la nas forças transcendentes sobre as quais não se tem nenhum controle [...]. É preciso reconhecer, é claro, que nas sociedades industriais modernas a capacidade de o indivíduo determinar o que lhe acontece realmente diminuiu.
Em meio à cultura do pânico, do delírio fascista, da racionalidade instrumental, a paixão horoscópica e o pensamento por clichês revelam a Adorno a disposição paranoica e a hostilidade a toda figura da alteridade, manifestas, no caso, no racismo antissemita. Entre o iluminismo instrumental e o mítico, Adorno indica uma outra razão, que não é roda-da-fortuna nem pensamento mágico administrado, que não adere ao status quo científico e político, mas é virtù que libera da violência e do medo.
Na luta entre hermetismo e razão científica, não se trata nem de uma “Alexandria” mística, nem de “Atenas” racional, mas de uma razão reconciliada com a natureza, pacificadora da destruividade e da violência, redentora das potencialidades emancipadoras da sensibilidade, da imaginação e da razão. Uma racionalidade que se traduz em razão histórica que enfrenta a encruzilhada entre o conhecimento da natureza e o enigma da história.
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ATIVIDADES |
1. Considere as seguintes afirmações com relação à identidade das coisas.
I — A ciência, como o mito, tem uma raiz comum com na luta pela sobrevivência, na autoconservação e na angústia, cuja origem é o medo do desconhecido, do amorfo, do indiferenciado, do que não possui identidade.
II — O mundo animal requer o princípio de identidade, de identificação, de diferenciação.
III — A indeterminação das coisas e o inexplicável ameaçam os seres mais vulneráveis da natureza por lhes faltar o instinto, essa inteligência psicossomática que protege as outras espécies animais.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e II.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) I, II e III.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
As afirmativas I e III estão corretas. A afirmativa II está correta, pois o mundo animal é sem “conceito”, o do homem requer o princípio de identidade, de identificação, de diferenciação, porque a indeterminação das coisas e o inexplicável ameaçam os seres mais vulneráveis da natureza por lhes faltar o instinto, essa inteligência psicossomática que protege as outras espécies animais.
Resposta correta.
As afirmativas I e III estão corretas. A afirmativa II está correta, pois o mundo animal é sem “conceito”, o do homem requer o princípio de identidade, de identificação, de diferenciação, porque a indeterminação das coisas e o inexplicável ameaçam os seres mais vulneráveis da natureza por lhes faltar o instinto, essa inteligência psicossomática que protege as outras espécies animais.
A alternativa correta é a "B".
As afirmativas I e III estão corretas. A afirmativa II está correta, pois o mundo animal é sem “conceito”, o do homem requer o princípio de identidade, de identificação, de diferenciação, porque a indeterminação das coisas e o inexplicável ameaçam os seres mais vulneráveis da natureza por lhes faltar o instinto, essa inteligência psicossomática que protege as outras espécies animais.
2. Com relação à Ciência antiga e sua compreensão da natureza, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) A natureza é, para a ciência antiga, Ananke, a necessidade a que tudo está submetido, mesmo os deuses imortais e bem-aventurados.
( ) A Ciência antiga compreendia a natureza, a physis, no horizonte da eternidade de todos os existentes nessa periferia do Universo.
( ) O mundo foi criado para o homem mesmo que lhe seja inóspito.
( ) Para a Ciência antiga, o homem não domina a natureza, pouco interferindo nela.
Qual a sequência correta?
A) V — F — V — F
B) F — V — F — V
C) V — F — F — V
D) F — V — V — F
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
A primeira e a quarta afirmativas são verdadeiras. A segunda afirmativa é falsa, pois a Ciência antiga compreendia a natureza, a physis, no horizonte da transitoriedade de todos os existentes nessa periferia do Universo, sujeitos ao engendramento e à corrupção, ao surgimento e ao desaparecimento, ao nascimento e à morte. A terceira afirmativa é falsa, pois o mundo não foi criado para o homem e lhe é inóspito com suas intempéries, verões calcinantes, rigorosos invernos, terremotos, pestes, doenças e outros sofrimentos que lembram a todo momento nossa precariedade e vulnerabilidade, reconhecendo que nossa inteligência é limitada, e o conhecimento da natureza, imperfeito.
Resposta correta.
A primeira e a quarta afirmativas são verdadeiras. A segunda afirmativa é falsa, pois a Ciência antiga compreendia a natureza, a physis, no horizonte da transitoriedade de todos os existentes nessa periferia do Universo, sujeitos ao engendramento e à corrupção, ao surgimento e ao desaparecimento, ao nascimento e à morte. A terceira afirmativa é falsa, pois o mundo não foi criado para o homem e lhe é inóspito com suas intempéries, verões calcinantes, rigorosos invernos, terremotos, pestes, doenças e outros sofrimentos que lembram a todo momento nossa precariedade e vulnerabilidade, reconhecendo que nossa inteligência é limitada, e o conhecimento da natureza, imperfeito.
A alternativa correta é a "C".
A primeira e a quarta afirmativas são verdadeiras. A segunda afirmativa é falsa, pois a Ciência antiga compreendia a natureza, a physis, no horizonte da transitoriedade de todos os existentes nessa periferia do Universo, sujeitos ao engendramento e à corrupção, ao surgimento e ao desaparecimento, ao nascimento e à morte. A terceira afirmativa é falsa, pois o mundo não foi criado para o homem e lhe é inóspito com suas intempéries, verões calcinantes, rigorosos invernos, terremotos, pestes, doenças e outros sofrimentos que lembram a todo momento nossa precariedade e vulnerabilidade, reconhecendo que nossa inteligência é limitada, e o conhecimento da natureza, imperfeito.
3. Quem é o autor da frase “graças e através da técnica, o homem será mestre e senhor da natureza”?
A) Descartes.
B) Bacon.
C) Platão.
D) Adorno.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
O desejo exorbitante de conhecer procede de que “saber é poder”, como viria a afirmar Bacon no século XVII. O projeto patriarcal de dominação da natureza se encontra mais explícito no momento inaugural da modernidade, quando Descartes anotou: “graças e através da técnica, o homem será mestre e senhor da natureza”.
Resposta correta.
O desejo exorbitante de conhecer procede de que “saber é poder”, como viria a afirmar Bacon no século XVII. O projeto patriarcal de dominação da natureza se encontra mais explícito no momento inaugural da modernidade, quando Descartes anotou: “graças e através da técnica, o homem será mestre e senhor da natureza”.
A alternativa correta é a "A".
O desejo exorbitante de conhecer procede de que “saber é poder”, como viria a afirmar Bacon no século XVII. O projeto patriarcal de dominação da natureza se encontra mais explícito no momento inaugural da modernidade, quando Descartes anotou: “graças e através da técnica, o homem será mestre e senhor da natureza”.
4. Para vencer a exterioridade da natureza e a alteridade do mundo, a razão científica identifica o animado ao inanimado, assim como o mito identifica o inanimado ao animado. E o que é o esclarecimento?
A) Racionalização do medo.
B) Mitificação da razão.
C) A angústia mítica radicalizada.
D) Domínio do desconhecido.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".
Para vencer a exterioridade da natureza e a alteridade do mundo, a razão científica identifica o animado ao inanimado, assim como o mito identifica o inanimado ao animado. O esclarecimento é a angústia mítica radicalizada. Racionalização do medo e mitificação da razão significam que a ciência não vence o medo, mas o transforma em conteúdo do pensamento racional que, para dominar o desconhecido, mobiliza força e poder sobre todas as coisas.
Resposta correta.
Para vencer a exterioridade da natureza e a alteridade do mundo, a razão científica identifica o animado ao inanimado, assim como o mito identifica o inanimado ao animado. O esclarecimento é a angústia mítica radicalizada. Racionalização do medo e mitificação da razão significam que a ciência não vence o medo, mas o transforma em conteúdo do pensamento racional que, para dominar o desconhecido, mobiliza força e poder sobre todas as coisas.
A alternativa correta é a "C".
Para vencer a exterioridade da natureza e a alteridade do mundo, a razão científica identifica o animado ao inanimado, assim como o mito identifica o inanimado ao animado. O esclarecimento é a angústia mítica radicalizada. Racionalização do medo e mitificação da razão significam que a ciência não vence o medo, mas o transforma em conteúdo do pensamento racional que, para dominar o desconhecido, mobiliza força e poder sobre todas as coisas.
5. Para Adorno e Horkheimer, o que é a paranoia?
A) A autoidealização onipotente.
B) A sombra do conhecimento.
C) Impulso cego de autoproteção.
D) Fuga da realidade.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".
As proposições da ciência são autoidealizações onipotentes voltadas à autoconservação, presas à natureza imediata governada pela lei do mais forte: “a paranoia”, escrevem Adorno e Horkheimer, “é a sombra do conhecimento”.
Resposta correta.
As proposições da ciência são autoidealizações onipotentes voltadas à autoconservação, presas à natureza imediata governada pela lei do mais forte: “a paranoia”, escrevem Adorno e Horkheimer, “é a sombra do conhecimento”.
A alternativa correta é a "B".
As proposições da ciência são autoidealizações onipotentes voltadas à autoconservação, presas à natureza imediata governada pela lei do mais forte: “a paranoia”, escrevem Adorno e Horkheimer, “é a sombra do conhecimento”.
6. O que corresponde à desauratização do papel filosófico e existencial do saber?
A) A reunião do espírito geométrico, do rigor demonstrativo e do esprit de finesse, operações delicadas da inteligência e das nuances, em suas possibilidades de utopia e emancipação.
B) A superstição, a crença em determinações místicas ou fantásticas do destino do indivíduo, tal como a estereotipia que podem ser compreendidas como expressões da fraqueza do Ego.
C) O domínio do medo e a perda do domínio sobre a própria vida, pois os homens produzem pacificamente os meios de destruição social.
D) O desencantamento da cultura e o advento da indústria cultural que transformou a educação em utilitarismo.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".
O desencantamento da cultura e o advento da indústria cultural que transformou a educação em utilitarismo, entretenimento e consumo de conhecimentos correspondem à desauratização do papel filosófico e existencial do saber que se reunia “espírito geométrico” e rigor demonstrativo e esprit de finesse, operações delicadas da inteligência e das nuances, em suas possibilidades de utopia e emancipação.
Resposta correta.
O desencantamento da cultura e o advento da indústria cultural que transformou a educação em utilitarismo, entretenimento e consumo de conhecimentos correspondem à desauratização do papel filosófico e existencial do saber que se reunia “espírito geométrico” e rigor demonstrativo e esprit de finesse, operações delicadas da inteligência e das nuances, em suas possibilidades de utopia e emancipação.
A alternativa correta é a "D".
O desencantamento da cultura e o advento da indústria cultural que transformou a educação em utilitarismo, entretenimento e consumo de conhecimentos correspondem à desauratização do papel filosófico e existencial do saber que se reunia “espírito geométrico” e rigor demonstrativo e esprit de finesse, operações delicadas da inteligência e das nuances, em suas possibilidades de utopia e emancipação.
7. Com relação à doutrina astrológica, o que se pode afirmar sobre a vida social?
A) Na doutrina astrológica, a vida social é destino de que o homem pode escapar se guiado pelos bons conselhos do horóscopo.
B) Na doutrina astrológica, o mundo tal qual é já está confirmado desde sempre orientando as regras da vida social.
C) Na doutrina astrológica, o homem tem domínio sobre a própria vida, uma vez que pode prever os acontecimentos importantes.
D) A doutrina astrológica retira a responsabilidade do indivíduo pelos acontecimentos da sua vida social desde que siga as instruções dos astrólogos.
Confira aqui a resposta
Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".
Com efeito, na doutrina astrológica, a vida social é destino de que o homem pode escapar se guiado pelos bons conselhos do horóscopo.
Resposta correta.
Com efeito, na doutrina astrológica, a vida social é destino de que o homem pode escapar se guiado pelos bons conselhos do horóscopo.
A alternativa correta é a "A".
Com efeito, na doutrina astrológica, a vida social é destino de que o homem pode escapar se guiado pelos bons conselhos do horóscopo.