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A TOMADA DE DECISÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE EM RELAÇÃO À RETOMADA DOS CUIDADOS À PESSOA IDOSA NO CONTEXTO PÓS-COVID-19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores: Vanessa Cruz Santos, Karla Ferraz dos Anjos
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • analisar a tomada de decisão do profissional de saúde em relação à retomada dos cuidados à pessoa idosa na pós-Covid-19 na Atenção Primária à Saúde (APS);
  • identificar as demandas mais recorrentes em saúde da pessoa idosa na pós-Covid-19;
  • explicar aspectos clínicos relacionados às principais demandas em saúde da pessoa idosa na pós-Covid-19;
  • reconhecer instrumentos que podem identificar demandas em saúde da pessoa idosa na pós-Covid-19;
  • apontar possibilidades de avaliação da pessoa idosa na pós-Covid-19 diante das demandas mais frequentes.

Esquema conceitual

Introdução

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de janeiro de 2020, declarou que o surto da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, era uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Em 11 de março de 2020, caracterizou a Covid-19 como uma pandemia.1

Já em 5 de maio de 2023, em Genebra, na Suíça, decretou o fim da ESPII referente à pandemia Covid-19. Porém, ressaltou que isso não significa que a Covid-19 tenha deixado de ser uma ameaça à saúde, pois sua propagação mundial continua caracterizada como uma pandemia. O que esse decreto significa é que, a partir desse momento, os países precisam realizar a transição do modo de emergência para o de manejo da Covid-19 juntamente com outras doenças.2

Foram descobertos vários tipos de Covid-19, porém todos eles são causados pelo vírus Sars-CoV-2. Os tipos de Covid-19 podem ser classificados conforme as variantes do Sars-CoV-2, entre elas as apresentadas no Quadro 1.3

QUADRO 1

ALGUMAS VARIANTES DO SARS-COV-2

Variante

Características

Variante alfa

  • Identificada inicialmente no Reino Unido;
  • caracterizada por mutações na proteína spike, tornando-a mais transmissível.

Variante beta

  • Detectada pela primeira vez na África do Sul;
  • também apresenta mutações na proteína spike;
  • é mais resistente a anticorpos gerados por infecção prévia ou vacinação.

Variante gama

  • Originada no Brasil;
  • também apresenta mutações na proteína spike;
  • assim como a variante beta, sugere-se que a variante gama seja mais resistente a anticorpos gerados por infecção ou vacinação prévias.

Variante delta

  • Reconhecida a priori na Índia;
  • mostrou-se mais transmissível do que as variantes anteriores;
  • pode causar doença mais grave em algumas pessoas.

Variante ômicron

  • Constatada inicialmente na África do Sul;
  • apresenta elevadas quantidades de mutações em comparação com outras variantes do vírus;
  • as mutações mais significativas estão nos genes que codificam a proteína spike, principal causa da propagação dos vírus, sendo crucial para a entrada dos vírus nas células humanas.

// Fonte: Adaptada de Pan American Health Organization.3

Mesmo diante da diversidade de variantes mencionadas, é válido enfatizar que a maioria das precauções e medidas de prevenção, como lavagem frequente das mãos, uso de máscara e distanciamento social, permanecem eficazes na prevenção da transmissão de todas as variantes do Sars-CoV-2.3

Mesmo diante de diferentes variantes, os sinais e sintomas da Covid-19 não têm apresentado divergências em especial, em se tratando de cada variante. De modo geral, esses sinais e sintomas se apresentam, na maioria das vezes, conforme descrito no Quadro 2.4

QUADRO 2

SINAIS E SINTOMAS DA COVID-19 E PARTICULARIDADES PARA A PESSOA IDOSA

Sintomas e sintomas mais comuns

  • Febre
  • Dor de garganta
  • Tosse

Sintomas não específicos ou atípicos

  • Dor de cabeça (cefaleia)
  • Calafrios
  • Dores musculares, dores no corpo (mialgia)
  • Cansaço ou fadiga
  • Coriza
  • Diarreia e outros sintomas gastrointestinais
  • Perda parcial ou total do olfato (hiposmia/anosmia)

Sinais e sintomas em pessoas idosas

  • Evoluir com hipotermia
  • Evoluir com confusão mental
  • Apresentar quedas da própria altura

Outras manifestações clínicas extrapulmonares que podem estar associadas à infecção por Sars-CoV-2

  • Tromboembolismo
  • Alterações cardíacas (arritmias cardíacas e isquemia miocárdica)
  • Alterações renais (hematúria, proteinúria e insuficiência renal)
  • Alterações gastrointestinais (diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, anorexia)
  • Alterações neurológicas (cefaleia, tontura, encefalopatia, ageusia, anosmia, acidente vascular encefálico)
  • Alterações hepáticas (aumento de transaminases e bilirrubinas)
  • Alterações endócrinas (hiperglicemia e cetoacidose diabética)
  • Alterações dermatológicas (rash eritematoso, urticária, vesículas, petéquias, livedo reticular)

// Fonte: Adaptado de Agência Nacional de Vigilância Sanitária.4

Adicionalmente, para além da atenção à saúde voltada às doenças infecciosas, é preciso também retomar a oferta do cuidado às pessoas, conforme demandas em saúde apresentadas no contexto pós-Covid-19, priorizando os grupos populacionais mais vulneráveis, como os idosos. Isso porque diversos idosos já apresentavam comorbidades previamente à pandemia da Covid-19, e que, por vez, podem ter agravado e outros vieram a desenvolver problemas de saúde devido aos seus impactos.5,6

Esses fatos requerem do profissional de saúde, incluindo o enfermeiro, tomada de decisão que abrange todas essas demandas referidas a cada idoso de acordo suas particularidades. Entre as demandas dos idosos no contexto pós-Covid-19, pode-se citar as seguintes:

 

  • aumento de problemas relacionados à saúde mental, como o aumento de sintomas de estresse, ansiedade, depressão, déficit de memória;5,6
  • redução da concentração;
  • demandas exclusivas das condições pós-Covid, como fadiga, dispneia, desconforto torácico, tosse e anosmia (disfunção olfativa);
  • comprometimento na funcionalidade.6

Diante das demandas citadas, a tomada de decisão do profissional de saúde, incluindo o enfermeiro, no que se refere ao idoso no contexto pós-Covid-19 deverá ser realizada em todos os níveis de atenção à saúde. Suscitando-se que é necessário realizar avaliação clínica individualizada na APS para um encaminhamento assertivo e seguro, com base nos fluxos de referência e contrarreferência, conforme protocolos da regulação local, bem como da disponibilidade de recursos disponíveis em cada município ou região.7

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