Objetivos
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
- identificar e diferenciar os tipos de infecções do trato urinário;
- verificar quando há a indicação da realização de exames complementares e quais deverão ser solicitados;
- estabelecer quando se deve proceder com a internação hospitalar do paciente;
- indicar adequadamente os principais antibióticos para o tratamento da infecção do trato urinário.
Esquema conceitual
Introdução
A presença de patógenos microbianos no trato urinário, nas condições em que os mecanismos de defesa dos rins e vias urinárias não conseguem eliminá-los, define a infecção do trato urinário (ITU). Esta pode ser classificada de acordo com o local anatômico acometido e as características específicas dos pacientes. Ao envolver o trato urinário inferior, pode-se apresentar na forma de cistite, quando acomete a bexiga, e uretrite, quando atinge a uretra. Por sua vez, a ITU superior é chamada de pielonefrite, com envolvimento da pelve renal e dos rins. Além disso, quando há isolamento de bactérias na urina em contagens significativas, porém sem sintomas, define-se bacteriúria assintomática.
Quanto às características do paciente, divide-se a ITU em dois grupos no sexo feminino: ITU não complicada e ITU complicada, com implicações terapêuticas e prognósticas. No sexo masculino, por sua vez, toda ITU é conceitualmente considerada complicada, independentemente da presença de complicações.1
Enquadram-se na definição de ITU não complicada as mulheres saudáveis, sem anormalidades urinárias funcionais ou estruturais e na ausência de comorbidades relevantes. Por sua vez, considera-se ITU complicada quando presente ao menos uma das seguintes características:1–3
- sexo masculino;
- gestação;
- diabetes;
- imunossupressão;
- persistência dos sintomas por mais de 7 dias antes de procurar atendimento médico;
- bactéria resistente a múltiplos antibióticos;
- infecção adquirida no hospital;
- insuficiência renal (IR);
- obstrução do trato urinário (hiperplasia prostática benigna, cálculos, estenose uretral);
- presença de cateter uretral;
- tubo de nefrostomia ou derivação urinária;
- instrumentação recente do trato urinário;
- anormalidade funcional ou anatômica do trato urinário;
- histórico de ITU na infância;
- transplante renal.
Nesses indivíduos, o risco de resistência bacteriana, falência terapêutica, desenvolvimento de complicações e/ou recorrência da infecção é maior quando comparado com aqueles com ITU não complicada.1–3