Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- apresentar os biomarcadores moleculares em câncer de próstata;
- identificar os principais biomarcadores disponíveis atualmente e a utilidade de cada um;
- saber quando e por que utilizar os biomarcadores no cenário pré-biópsia de próstata;
- estratificar o risco de câncer de próstata com base nos biomarcadores;
- utilizar os biomarcadores para selecionar o tratamento mais adequado para o câncer de próstata;
- discorrer sobre a utilidade de cada biomarcador e sua evidência científica atual.
Esquema conceitual
Introdução
O câncer de próstata, em todo o mundo, é considerado a neoplasia maligna não cutânea mais comum entre os homens. Em 2012, houve uma estimativa de 1,1 milhão de novos casos no mundo, correspondendo a 15% de todos os diagnósticos de câncer. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer para os anos entre 2020 e 2022, a cada ano, estimam-se 65.840 novos casos de câncer de próstata.1,2
Atualmente, um dos grandes esforços da comunidade científica no manejo do câncer de próstata consiste no refinamento das indicações de biópsia prostática e do tratamento ativo, com o objetivo de reduzir os efeitos deletérios do overdiagnosis e overtreatment. Outro importante enfoque atual consiste no refinamento da seleção do melhor tratamento sistêmico no cenário do câncer de próstata metastático, com o objetivo de aumentar a eficácia e diminuir a toxicidade desnecessária.3
Nos últimos anos, tem se observado um grande desenvolvimento tecnológico no que diz respeito ao diagnóstico, à estratificação de risco e ao tratamento do câncer de próstata, passando por modernas técnicas de radioterapia, fármacos orais para o manejo do câncer metastático resistente à castração, cirurgia robótica e biomarcadores moleculares.4
Nesse cenário, vivencia-se uma nova era da medicina, cada vez mais individualizada, em que o refinamento da estratificação de risco do câncer é fundamental para seleção do tratamento mais adequado frente a diversas opções disponíveis na atualidade, com foco em evitar tanto o subtratamento como o supertratamento e suas toxicidades.
Recentemente, os biomarcadores moleculares vêm sendo desenvolvidos e implementados na prática clínica, a fim de refinar o diagnóstico e melhor adequar o tratamento do câncer de próstata, com foco em evitar o overdiagnosis e os tratamentos ineficazes e deletérios.5 Hoje em dia, os biomarcadores ainda não são realidade na prática clínica da maioria dos médicos urologistas que manejam o câncer de próstata, em parte, por conta de sua baixa disponibilidade no mercado e, em parte, pela escassez de estudos evidenciando o benefício clínico.
Neste capítulo se busca discutir e realizar uma avaliação crítica dos principais biomarcadores moleculares disponíveis para o diagnóstico e manejo do câncer de próstata, com base em estudos clínicos e revisões sistemáticas atuais. Por fim, serão avaliadas a sua real aplicação na prática clínica atual dos urologistas e as perspectivas futuras.