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ABORDAGEM DO PACIENTE EM TRATAMENTO DA ASMA — O FARMACÊUTICO PODE COLABORAR?

Marina Raijche Mattozo Rover

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  • Introdução

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, caracterizada por aumento da responsividade das vias aéreas a variados estímulos, com consequente obstrução do fluxo de ar de caráter recorrente e tipicamente reversível.1,2

Clinicamente, a asma pode ser definida pela ocorrência de sintomas respiratórios, como falta de ar (dispneia), sibilos, sensação de constrição no tórax e tosse, particularmente à noite e pela manhã, ao despertar. É classificada por níveis de gravidade em duas classes: intermitente e persistente, sendo esta dividida em persistente leve, moderada e grave.1,3

A asma é uma doença que abrange todas as faixas etárias e apresenta alta prevalência, morbidade e mortalidade em todo o mundo.4,2 Em geral, inicia na infância, pode desaparecer na adolescência e reaparecer na vida adulta.5

No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, um total de 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos são afetados pela doença. Somente em 2014, período de janeiro a novembro, foram 105,5 mil internações por asma, originando um custo de R$ 57,2 milhões para a rede pública de saúde.6

Recente publicação da Global Initiative for Asthma aponta para o aumento da prevalência e dos custos com os tratamentos da asma em muitos países desenvolvidos. A mesma publicação destaca o impacto na qualidade de vida dos pacientes e nos custos diretos e indiretos à sociedade, pela sobrecarga nos serviços de saúde, pela perda de produtividade laboral e por contribuir com muitas mortes, incluindo de pessoas jovens.2

Ainda de acordo com a literatura, a persistência dos gastos excessivos com o atendimento de asmáticos, determinados, em grande parte, pelos custos do tratamento das crises, pode refletir a subutilização dos recursos terapêuticos disponíveis.7 Essa situação é agravada pelo fato de que muitos pacientes (mais de 80%) não usam seus dispositivos inalatórios corretamente e pelo menos 50% dos adultos e crianças não utilizam os medicamentos controladores conforme prescritos. A baixa adesão contribui para o mau controle dos sintomas e para as exacerbações.2

Além dos fatores genéticos, influências ambientais, como a exposição à poluição, fumaça de cigarro, ácaros, fungos, odores fortes, poeira, pólen, umidade e alterações climáticas estão entre os determinantes da asma. Alguns medicamentos também podem desencadear uma crise de asma, como os betabloqueadores (BBs), o ácido acetilsalicílico (AASácido acetilsalicílico) e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEanti-inflamatório não esteroides), além do exercício, do estresse e das infecções respiratórias.2,8

A asma é uma doença crônica tratável, e o entendimento de sua fisiopatologia progrediu nos últimos anos, contribuindo para os avanços em relação ao tratamento, aos métodos diagnósticos e ao manejo dessa enfermidade. A alta prevalência da asma e a saturação dos sistemas de saúde, nas últimas décadas, exigem dos profissionais da área mais atenção em ações que visem ao controle dessa doença.

Os cuidados em saúde, pela complexidade e multidimensionalidade, demandam uma abordagem interdisciplinar, em que cada profissional pode contribuir, de modo distinto, para o alcance dos melhores resultados terapêuticos.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • descrever os aspectos relacionados com a fisiopatologia da asma;
  • distinguir entre os principais medicamentos utilizados no tratamento da asma, bem como suas particularidades e especificidades;
  • identificar os principais aspectos para a orientação quanto ao uso dos medicamentos para o tratamento da asma, com destaque para os dispositivos inalatórios;
  • atualizar-se a respeito das medidas necessárias para a prevenção das exacerbações das crises de asma;
  • reconhecer os aspectos mais importantes na avaliação da efetividade e da segurança do tratamento da asma para o cuidado farmacêutico.
  • Esquema conceitual
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