Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer o recém-nascido a termo com risco de desenvolver insuficiência respiratória precoce;
- identificar os sinais de insuficiência respiratória precoce e sua gravidade;
- realizar o diagnóstico adequado da insuficiência respiratória precoce no recém-nascido a termo;
- tratar adequadamente a insuficiência respiratória precoce no recém-nascido a termo.
Esquema conceitual
![](https://api.plataforma.grupoa.education/v1/portalsecad/articles/13422/links/Images/EC_Abordagem.png)
Introdução
Os pulmões originam-se dos arcos braquiais a partir da 4ª semana gestacional. A partir da 11ª semana, já se observam movimentos respiratórios fetais, e gradativamente ocorre uma transformação anatomopatológica dos pulmões envolvendo quatro fases: embrionária, pseudoglandular, canalicular e saco terminal.1
A última fase inicia-se na 23ª semana e vai até o final da gestação, sendo responsável pela diferenciação dos pneumócitos tipo I e tipo II. No pulmão fetal próximo ao termo ocorre uma alteração do epitélio pulmonar, que passa a absorver sódio, promovendo um fluxo de líquido do alvéolo para o interstício pulmonar. Vários hormônios fetais, como catecolaminas, glicocorticoides, vasopressina e prolactina, estimulam a alteração do epitélio pulmonar de secretor para absortivo.2
Imediatamente após o nascimento, o recém-nascido precisa iniciar uma respiração independente em frações de segundos. Para isso, seu pulmão deverá transformar-se rapidamente de um órgão preenchido por líquidos e com pouco fluxo de sangue em um órgão areado e com um altíssimo fluxo sanguíneo, capaz de fazer de forma eficiente a respiração. Assim, a imediata adaptação à vida extrauterina depende primariamente de uma função cardiopulmonar adequada.3
O parto vaginal tem importância fundamental na adaptação do sistema respiratório após o nascimento, pois as compressões exercidas sobre o tórax durante a passagem pelo canal de parto auxiliam na remoção do líquido pulmonar.4
A insuficiência respiratória precoce pode ser um desafio para o neonatologista, pois esse desconforto respiratório pode representar uma condição benigna, por retardo na adaptação cardiorrespiratória, ou pode ser um primeiro sinal de uma doença grave e potencialmente letal. Assim, é fundamental a avaliação precoce, pois a maioria das patologias respiratórias neonatais manifesta-se de forma inespecífica nas primeiras horas de vida.
Para se realizar o diagnóstico correto da causa da insuficiência respiratória precoce, deve-se utilizar história materna, incluindo o parto, sintomatologia e imagens, principalmente radiografias torácicas e exames laboratoriais, quando indicados.