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ABORDAGENS EDUCACIONAIS INOVADORAS PARA O PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR: PERSPECTIVA DO PENSAMENTO COMPLEXO

Alexandra de Paula Rothebarth

João Lucas Campos de Oliveira

Carina Cadorin

Gímerson Erick Ferreira

Mara Regina Rosa Ribeiro

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • refletir sobre a educação de pessoas e equipes com vistas à obtenção e manutenção do selo de acreditação hospitalar sob a perspectiva do pensamento complexo;
  • identificar os princípios teórico-metodológicos da acreditação hospitalar;
  • reconhecer as bases do pensamento complexo;
  • correlacionar o pensamento complexo com a educação de pessoas e equipes para o alcance da acreditação hospitalar;
  • identificar características de novas metodologias para a educação de pessoas e equipes com vistas à acreditação hospitalar;
  • reconhecer a importância de avaliação formativa e feedbacks nas abordagens educacionais inovadoras;
  • analisar a atuação do enfermeiro nos processos relativos à acreditação hospitalar;
  • assimilar as ações de gestão da acreditação hospitalar na perspectiva do enfermeiro.

Esquema conceitual

Introdução

As constantes mudanças sociais e a incessante busca pela sustentabilidade organizacional impõem ao setor da saúde a necessidade de aderir aos pressupostos da gestão pela qualidade. Essa filosofia gerencial implica no posicionamento do usuário/cliente como foco da produção (consumo de bem ou serviço) e na busca da melhoria contínua, balizada pelo uso de ferramentas sistemáticas e métricas/indicadores monitoráveis, fundamentando a tomada de decisão.

A base da melhoria contínua é alicerçada nos estudos de séries históricas na mesma organização e/ou de comparação de indicadores de desempenho com outras organizações semelhantes e/ou consideradas de excelência no seu segmento (benchmarking externo), em busca do defeito zero — situação que, embora não atingível na prática (em especial, na área da saúde), orienta e filtra toda ação e gestão da qualidade.1

Ao contrário de outros segmentos de prestação de serviços, a área da saúde adapta as ferramentas de gestão da qualidade à sua peculiar realidade. A escolha e o monitoramento de métricas de qualidade na saúde nem sempre são objetivos fáceis, visto que a definição de padrões de excelência e/ou aceitabilidade pode ser questionável, dada a singularidade desse segmento produtivo.2

Nesse aspecto, a acreditação tende a despontar como um sistema de gestão da qualidade profícuo, porque seus métodos de avaliação externa muito bem delineados e padrões previamente definidos podem direcionar as metas de melhoria de forma mais diretiva, ainda que rigorosa.1,3,4

Diante desse contexto, entende-se que a adoção de abordagens educacionais nas instituições hospitalares, visando ao alinhamento das ações profissionais em prol da acreditação, é essencial, pois permite colaborar com o desenvolvimento e o compartilhamento de conhecimentos entre os profissionais,5 elevando o padrão dos processos assistenciais e possibilitando o alcance de melhores padrões de qualidade.6

Nesse sentido, o processo de acreditação hospitalar é indutor de melhorias em prol da qualidade da atenção hospitalar, sobretudo no que tange à segurança do paciente, ao desenvolvimento do trabalhador e à qualidade da assistência em saúde.5

Ao considerar que as abordagens educacionais com vistas à acreditação hospitalar, a depender do modo como são implementadas, podem ser propulsoras de engajamento dos profissionais de saúde e demais atores envolvidos na produção de cuidados, torna-se relevante a perspectiva do pensamento complexo, como forma de compreender a multidimensionalidade envolvida no processo de educação com essa finalidade.

No cenário da acreditação, a premissa da maturidade organizacional em prol da qualidade parece inquestionável, assim como a importância das abordagens educacionais, já que a mudança da cultura organizacional a favor da qualidade é um processo que não depende exclusivamente da implementação de ferramentas de gestão e do controle de processos, mas é, também, um movimento relacional e essencialmente humano-dependente.3,7 Isso porque, para que os padrões e requisitos da acreditação sejam cumpridos, é necessário o envolvimento das pessoas desde a alta cúpula à operação, já que esse modelo de certificação externa pressupõe uma avaliação sistêmica.3,7