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GESTÃO DA ENFERMAGEM NO CONTEXTO DA SAÚDE DIGITAL

Ariane Cristina Ferreira Bernardes Neves

Patrícia de Oliveira Dias

epub-BR-PROENF-GES-C13V3_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • analisar o conceito de literacia e sua aplicação em saúde digital;
  • reconhecer o papel da ética, da bioética, do direito e da segurança no contexto de saúde digital;
  • considerar aspectos fundamentais para a sustentabilidade digital;
  • identificar as aplicações digitais em saúde e o papel da enfermagem no processo de gerenciamento dessas estratégias.

Esquema conceitual

Introdução

Com a pandemia da COVID-19, recursos tecnológicos ganharam espaço e notoriedade nas mais diversas áreas, entre elas a da saúde. Diariamente, as pessoas são apresentadas a novas tecnologias e a suas implicações para a prática, mas será que elas conhecem e estão de fato preparadas para esse movimento?

Quando se pensa na gestão sob a óptica da enfermagem, é preciso considerar que “o desafio dos gestores é conseguir uma integração organizacional que não anule o potencial das diferenças, ou seja, garantir identidade e coesão, porém respeitando os diferentes grupos presentes na organização”.1 A bioética digital tem um importante papel nesse contexto, para assegurar a boa utilização desses recursos e também dar ao paciente a certeza de que suas informações serão empregadas somente em processos relevantes.

Diante dessas informações, é possível questionar-se sobre a real compreensão do uso de tecnologia, tanto por parte dos pacientes quanto dos profissionais que os assistem. Sobre isso, será apresentado o conceito de literacia digital em saúde, que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades que permitam aos usuários de tecnologias digitais acessar, processar e compreender informações e serviços básicos de saúde e, assim, participar das decisões relacionadas à saúde.2

Toda vez que uma pessoa tiver uma literacia limitada, seu acesso assim o será também, o que se torna um desafio para as equipes de saúde e os profissionais diretamente ligados ao desenvolvimento desses recursos tecnológicos. A exemplo disso, um estudo de coorte evidenciou que adultos mais velhos apresentam baixa literacia em saúde, sendo eles a população que mais se beneficiaria dos recursos tecnológicos disponíveis para monitoramento e orientação para o cuidado, por exemplo, uma vez que doenças crônicas são mais frequentes nessa etapa da vida.2

Por essa razão, alguns autores defendem que a literacia é um determinante social intermediário em saúde e que ao desenvolvê-la, consequentemente, haverá melhora nos padrões de saúde. Vale lembrar que ela não foi desenhada para responder às desigualdades existentes na saúde devido à má alocação e distribuição de recursos.3

A sustentabilidade digital tende a trazer algumas respostas, uma vez que diz respeito ao uso responsável das tecnologias digitais e ao seu impacto nas questões ambientais, econômicas e sociais. E por que isso é importante? Porque diariamente surgem novas aplicações digitais que impactam diretamente a população, e é preciso buscar meios de torná-las sustentáveis a longo prazo.

Assim, neste capítulo, há algumas reflexões sobre o quanto os enfermeiros podem ser profissionais polivalentes e multifacetados, exercendo também papéis de liderança de cuidado, inclusive nos meios digitais. Os temas serão apresentados sempre enfatizando como eles corroboram a prática da enfermagem.