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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM CRIANÇAS

Autores: Eduardo Mekitarian Filho, Werther Brunow de Carvalho, Laila Mahmud Karim
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Objetivos

Ao final deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar os principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) em crianças;
  • identificar rapidamente uma criança em risco para AVC;
  • indicar o tratamento de um paciente com AVC, principalmente no que se refere à anticoagulação.

Esquema conceitual

Introdução

A incidência estimada dos AVCs em crianças varia de 1,3 a 13 por 100 mil e, em recém-nascidos (RNs), de 1 por 2.500 a 5 mil nascidos vivos.1 Por volta de dois terços das crianças evoluem com importantes deficiências cognitivas e/ou motoras, e essa morbidade representa um grande desafio aos responsáveis pelas crianças e gastos importantes com a assistência em saúde. Existe grande probabilidade de esses números serem subestimados em razão de situações como:

  • ausência de suspeição clínica;
  • reconhecimento tardio (impacto direto no tratamento);
  • sinais clínicos inespecíficos (quanto mais nova a criança, pior);
  • disponibilidade limitada de exames de imagem em locais menos desenvolvidos;
  • diagnósticos diferenciais muito variados;
  • procura muito atrasada pelos serviços de saúde.

Os AVCs em crianças são condições raras; porém, reconhecidas com frequência cada vez maior graças à importância de suas complicações e à variedade de diagnósticos diferenciais. O diagnóstico requer alto índice de suspeição clínica, uma vez que os sinais e sintomas manifestados pela criança, em um primeiro momento, podem carecer de especificidade de maneira a mimetizar outras apresentações clínicas de doenças neurológicas ou além do sistema nervoso central.

Estudos demonstram que o intervalo entre o início das manifestações clínicas e o diagnóstico pode variar de 24 a 72 horas. Um recente estudo retrospectivo demonstrou menor tempo diagnóstico em crianças com AVC hemorrágico, provavelmente em razão da maior gravidade dos sintomas.2,3 Os fatores de risco, as manifestações clínicas e os desfechos são diferentes dos encontrados na população adulta.

A detecção precoce do AVC é fundamental para profissionais de saúde e tem potencial translacional para a aplicação de intervenções trombolíticas, neuroprotetoras e antitrombóticas, bem como de reabilitação, melhorando a qualidade de vida para pacientes e seus familiares.4,5,6

O propósito deste capítulo é avaliar os principais mecanismos fisiopatológicos que levam a criança a apresentar um AVC e revisar as mais recentes recomendações acerca do manejo dos quadros agudos.

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