Objetivos
Ao final deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer a fisiopatologia da bronquiolite viral aguda (BVA);
- identificar os pacientes com risco para suporte ventilatório invasivo na BVA;
- avaliar a mecânica respiratória dos pacientes com BVA que evoluem para ventilação mecânica invasiva (VMI);
- considerar a mecânica pulmonar para ajustar os parâmetros ventilatórios e avaliar a evolução dos pacientes com BVA;
- indicar o desmame ventilatório dos pacientes com BVA.
Esquema conceitual
Introdução
A BVA é a doença de vias aéreas inferiores mais comum em lactentes e a principal causa de internação hospitalar nessa faixa etária, com pico de incidência nos menores de 12 meses de idade. O vírus sincicial respiratório é o patógeno causador mais comum, embora outros vírus também estejam envolvidos isoladamente ou em coinfecção, e seu pico de incidência costuma ser nos meses de outono e inverno. Normalmente, a doença é autolimitada e com baixa mortalidade (inferior a 2%), e aproximadamente 5% dos pacientes com BVA apresentarão manifestações graves da doença com necessidade de VMI.1
A proporção de crianças com BVA internadas em unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIPs) dobrou entre 2010 e 2019, e, embora o uso de ventilação não invasiva (VNI) também tenha aumentado nesse grupo de pacientes durante o período, a proporção do uso de VMI não mudou significativamente.2
Os principais fatores de risco conhecidos para admissão em UTIP e necessidade de VMI incluem:3
- prematuridade;
- baixo peso ao nascer;
- idade menor que 6 meses;
- cardiopatia congênita ou doença pulmonar congênita;
- taquipneia;
- episódios de apneia.
A mortalidade de crianças com BVA submetidas à ventilação mecânica (VM) vem se reduzindo de forma dramática, situando-se abaixo de 5%.1 Entretanto, permanecem como desafios a diminuição da morbidade, especialmente das lesões induzidas pelo respirador, e o melhor conhecimento das estratégias ventilatórias.