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POLINEUROMIOPATIA DO PACIENTE CRÍTICO: PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Autores: Flávia Andrea Krepel Foronda, Cristian Tedesco Tonial
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • definir polineuromiopatia (PNM) do paciente crítico;
  • reconhecer a importância do diagnóstico precoce da PNM;
  • identificar principais diagnósticos diferenciais da PNM;
  • indicar métodos de prevenção e tratamento da PNM.

Esquema conceitual

Introdução

A fraqueza muscular adquirida em unidade de terapia intensiva (UTI) é uma complicação reconhecida e de alta incidência em adultos. Cerca de 30 até 50% dos adultos criticamente enfermos podem adquirir algum grau de fraqueza durante sua internação.1 Essa fraqueza pode se iniciar já nos primeiros dias de doença e causa grande impacto na morbidade2,3 e na letalidade desses pacientes.4 Uma das causas reconhecidas dessa fraqueza é a polineuropatia.

A polineuropatia do paciente crítico é uma condição aguda e primária que acomete os axônios, comprometendo a função motora e a sensorial.5

O termo foi utilizado pela primeira vez em 1984, por Bolton, ao perceber que pacientes em estado crítico apresentavam fraqueza grave na mobilização dos membros e dificuldade de desmame do ventilador.5 Mais tarde, ficou evidente que muitos indivíduos apresentavam um comprometimento primariamente de caráter muscular, sendo introduzido o termo “miopatia do paciente crítico”. Em muitos casos, existe uma sobreposição dessas duas síndromes, o que dificulta a sua diferenciação do ponto de vista clínico e diagnóstico; por isso, prefere-se utilizar o termo polineuromiopatia (PNM).

Nos últimos anos, vem ocorrendo um crescente interesse na investigação da fraqueza muscular adquirida em UTI pediátrica e suas consequências em crianças criticamente enfermas em razão do aumento da sobrevida desses pacientes. No entanto, poucos estudos prospectivos foram realizados na faixa etária pediátrica.6 Os impactos de curto prazo da PNM, como prolongamento do tempo em ventilação mecânica com consequente aumento do tempo de internação, custo e utilização de recursos, são significativos, mas os impactos a longo prazo são especialmente preocupantes, pois a fraqueza muscular pode se estender após o período de UTI com possibilidade de afetar o desenvolvimento global da criança.7

O comprometimento funcional com limitações físicas é uma das alterações que se pode observar na síndrome pós-UTI e afeta não somente a criança, mas toda a família com um enorme prejuízo psicossocial.8 A incidência varia bastante nos diferentes estudos, provavelmente pela grande dificuldade no reconhecimento e no diagnóstico da condição na faixa etária pediátrica. Recente pesquisa mostrou que grande porcentagem dos profissionais tem um conhecimento fraco ou mediano sobre a PNM adquirida em UTI e desconhece os fatores a ela relacionados.9

Dentro desse contexto, o estudo da PNM torna-se um tema relevante no intuito de disseminar o conceito e estimular o reconhecimento e a introdução precoce de medidas preventivas que podem mudar o desenvolvimento da criança.

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