Entrar

Esse conteúdo é exclusivo para assinantes do programa.

ADENOMAS: COMO MELHORAR O ÍNDICE DE DETECÇÃO

Carlos Eduardo Oliveira dos Santos

Daniele Malaman

epub-BR-PROENDOGASTRO-C1V3_Artigo1

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os diversos aspectos e as condições que podem influenciar diretamente na detecção de adenomas;
  • identificar os equipamentos, os métodos e as novas tecnologias utilizados na detecção de adenomas;
  • avaliar o impacto dos avanços tecnológicos na prevenção do câncer colorretal (CCR).

Esquema conceitual

Introdução

Segundo o mais recente levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número estimado de casos novos de CCR no Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 45.630 casos, correspondendo a um risco estimado de 21.10 casos por 100 mil habitantes. Excetuando os tumores de pele não melanoma, o CCR é o terceiro em incidência no País, sendo o segundo mais frequente, tanto em homens como em mulheres. Em relação à mortalidade, no Brasil, ocorreram, em 2020, 20.245 óbitos por CCR (9,56 por 100 mil), com resultados similares entre os gêneros masculino e feminino.1

A colonoscopia é reconhecida como o método mais eficiente para detecção dos adenomas, e a ressecção endoscópica dessas lesões precursoras reduz a incidência de câncer e morte.2 Entretanto, a colonoscopia não é perfeita, e ocorre um índice de perda de adenomas calculado em torno de 26%, tendo como principais razões a falha no reconhecimento das lesões, especialmente as pequenas, as de morfologia não polipoide e as de localização proximal, e a exposição inadequada da mucosa colorretal, em particular, pelo uso de má-técnica na retirada do colonoscópio.3

O índice de detecção de adenoma (IDA) é considerado o critério de qualidade mais relevante da colonoscopia, sendo um balizador do desempenho do endoscopista. Tem como conceito a porcentagem de colonoscopias de rastreamento que apresenta, no mínimo, um adenoma detectado. O valor mínimo do IDA aceito para exames de rastreamento é de 25%, sendo 20% para as mulheres e 30% para os homens.4 Há estreita relação de baixos IDAs com o câncer de intervalo, com um risco 10 vezes maior para aqueles colonoscopistas com IDA <20%, enquanto o aumento do IDA anual tem sido associado com significativa redução do risco de CCR de intervalo e de morte por CCR.5,6

O estudo de Corley e colaboradores7 mostrou que o aumento de 1% no IDA permitiu a redução de 3% no índice de câncer de intervalo e de 5% na mortalidade.

Câncer de intervalo é a neoplasia maligna diagnosticada após um exame de rastreamento ou seguimento, em que nenhum câncer foi detectado, e antes do prazo determinado para um novo exame.8–26

Na tentativa de aumentar o IDA, fatores básicos, como intubação cecal, preparo do cólon, tempo de retirada do colonoscópio, técnica de retirada, além da monitorização associada ao retorno dos resultados dos endoscopistas, são reconhecidos por atuarem diretamente nesse objetivo.8–26

Foram elaborados dispositivos para serem colocados na ponta do aparelho, como Endocuffs, Caps e EndoRings. Alguns métodos também têm sido sugeridos, como imersão em água, troca de água, reinspeção ou retroflexão no cólon direito e, até mesmo, a manobra de troca de decúbito. Tecnologias foram desenvolvidas, como alta definição, terceiro olho, full spectrum endoscopy (FUSE), colonoscópio com balão (G-EYE), cromoscopia eletrônica, virtual ou imagem avançada, além da inteligência artificial (IA).8–26