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INGESTÃO DE SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS

Paula Peruzzi Elia

Simone Diniz Carvalho

epub-BR-PROENDOGASTRO-C1V3_Artigo4

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • identificar as lesões agudas e crônicas causadas pelas substâncias cáusticas;
  • interpretar os exames dos pacientes com ingestão de substâncias cáusticas, identificando aqueles que necessitam de endoscopia digestiva na fase aguda;
  • reconhecer a classificação endoscópica de Zargar para lesões por agentes cáusticos e indicar o tratamento clínico e o suporte nutricional do paciente baseando-se nessa classificação;
  • identificar as diferentes complicações crônicas dos pacientes após ingestão de corrosivos e indicar o tratamento apropriado;
  • reconhecer a importância das medidas preventivas para evitar a ingestão de corrosivos.

Esquema conceitual

Introdução

A ingestão de substâncias cáusticas é um evento grave, podendo resultar desde lesões leves até consequências devastadoras na saúde do paciente.1 Essas substâncias estão presentes em vários produtos existentes em ambientes domésticos e industriais, e os acidentes com esses produtos causam lesão tecidual pela reação química ou pelo contato direto com o tecido, podendo gerar lesões oculares, dermatológicas e no trato gastrintestinal (TGI).2

De acordo com a faixa etária, dois grupos são os mais acometidos: crianças entre 2 e 6 anos de idade e adultos entre 30 e 40 anos de idade.1 Na população pediátrica, a ingestão de substâncias cáusticas costuma ser acidental, e a maior parte dos acidentes, cerca de 80%, acontece em crianças entre 2 e 6 anos de idade. Diferentemente das crianças, nos adultos e nos adolescentes, com frequência, a ingestão de substâncias corrosivas é proposital, com grande quantidade de substância ingerida, como nas tentativas de autoextermínio.

Os dados epidemiológicos são escassos, em especial, por causa da falta de notificação de muitos acidentes. Mas estima-se que cerca de mil crianças são hospitalizadas por ano, com uma média de 4 dias e custo hospitalar maior que 22 milhões.1 Trata-se de um problema de saúde pública, especialmente nos países subdesenvolvidos, e com consequências trágicas, mudando todo o curso da vida de uma criança saudável.3 Dessa forma, é fundamental não apenas tratar esses acidentes, como também desenvolver medidas preventivas, com orientação da população.