Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência na saúde pública em âmbito internacional devido ao número crescente de mortes em todo o mundo e às significativas consequências econômicas e sociodemográficas ainda sem precedentes.1,2 O coronavírus é um dos principais vírus que têm como alvo o sistema respiratório humano, além disso, vem demonstrando capacidades neuroinvasivas.1–10
Desde sua caracterização e isolamento na década de 1960, as epidemias ou pandemias anteriores de coronavírus incluíram o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 1 (em inglês, severe acute respiratory syndrome coronavirus 1 [SARS-CoV-1]) em 2002 e o coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (em inglês, Middle East respiratory syndrome coronavirus [MERS-CoV]) em 2012.1
A pandemia mais recente de infecção por coronavírus está relacionada à doença do coronavírus 2019 (em inglês, coronavirus disease 2019 [COVID-19]), causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (em inglês, severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 [SARS-CoV-2]).1–11
A disseminação assintomática (período de incubação de até 14 dias), a alta taxa de infectividade e a rápida expansão da doença entre indivíduos de uma comunidade contribuem para o crescimento exponencial.2,5 Entre os sintomas mais comuns da COVID-19, é possível citar o acometimento do trato respiratório, com febre, tosse, rinorreia, dispneia, cefaleia, fadiga e mialgia.5,8,10,12
Nos casos mais graves de COVID-19, os pacientes podem desenvolver quadros de pneumonia com rápida progressão para insuficiência respiratória aguda, bem como eventos cardiovasculares, descompensação de comorbidades prévias, injúria renal e disfunção de múltiplos órgãos.4,7–10
O presente capítulo visa sumarizar, de maneira concisa e didática, a literatura atual sobre as implicações clínicas da COVID-19 no sistema nervoso central (SNC) e periférico e as considerações para o manejo desses pacientes.
Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- revisar a fisiopatologia da COVID-19 sobre o sistema nervoso;
- identificar os sinais e sintomas neurológicos secundários às complicações da COVID-19;
- avaliar as principais complicações neurológicas associadas à infecção por COVID-19;
- realizar o manejo da COVID-19.