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ANTIPSICÓTICOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA: QUANDO, COMO E POR QUÊ?

Autores: Cinara Andreolio, Francisco Bruno, Monica Franzoi Marcon
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • identificar o momento de usar os antipsicóticos em unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIP);
  • conhecer as classes farmacológicas das medicações antipsicóticas;
  • discutir benefícios do tratamento farmacológico do delirium;
  • conhecer os efeitos adversos dos medicamentos utilizados para o tratamento farmacológico do delirium.

Esquema conceitual

Introdução

Os pacientes pediátricos criticamente doentes admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) são submetidos a vários procedimentos invasivos e não invasivos durante a sua internação, gerando ansiedade, agitação, muitas vezes, dor e, consequentemente, a necessidade de utilização de medicamentos e terapias não farmacológicas, como a contenção física. A utilização liberal de fármacos em UTI promoveu a descoberta de novas entidades médicas, como a abstinência, a dependência e, mais recentemente, o delirium.1,2

O delirium é bem identificado em adultos, porém, tem difícil reconhecimento em pediatria, por isso, tem uma incidência entre 0,4 e 60%.1,2 Com o desenvolvimento de escalas para o delirium, primeiro em adultos e, recentemente, em crianças, houve um crescimento no diagnóstico. Uma das escalas, a de Cornell Assessment of Pediatric Delirium (CAPD), é validada para crianças criticamente doentes entre 0 e 18 anos de idade e é a mais utilizada em unidade de tratamento intensivo pediátrico (UTIP) (em 74%).3

O delirium se apresenta como alteração do estado mental com início súbito. São cinco critérios para definir o delirium: distúrbios de atenção e da função cognitiva, flutuação dos sintomas, não poder ser explicado por causa preexistente, e esses achados devem ser consequência de outra condição clínica, de intoxicação, de retirada abrupta de medicações ou de múltiplas etiologias.4

Apresenta-se de três formas, forma hipoativa (mais comum), hiperativa (menos comum) ou mista.5 Os fatores desencadeantes para o delirium são variados, desde uso de medicamentos sedativos e analgésicos, pós-operatório e ventilação mecânica, entre outros. Contribui para o aumento da morbidade e mortalidade em UTIP.6

O delirium pediátrico pode se apresentar com sintomas neuropsiquiátricos semelhantes aos observados em adultos, como distúrbios de sono-vigília, desorientação e desatenção. Porém, características únicas, como ações sem propósito, afeto instável, choro inconsolável e sinais de desregulação autonômica podem ocorrer mais frequentemente no delirium pediátrico, especificamente relacionados ao estágio de desenvolvimento da criança. A variação na apresentação clínica e no desenvolvimento cognitivo entre crianças e adultos destaca o benefício de abordagens diagnósticas com foco no delirium pediátrico.1

Avaliado e diagnosticado por meio de uma escala validada, parte-se para o tratamento farmacológico, outra etapa também complexa, visto que as medicações ainda são de pouco domínio na pediatria. A proposta deste texto é abordar apenas os fármacos antipsicóticos utilizados no tratamento do delirium, excluindo o tratamento não farmacológico e outros grupos de medicamentos.

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