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SÍNDROME INFLAMATÓRIA MULTISSISTÊMICA PEDIÁTRICA

Autores: Artur Figueiredo Delgado, Natália Viu Degaspare
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer os principais aspectos epidemiológicos da COVID-19 no Brasil e a distribuição da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) no Brasil, considerando as características de morbidade e letalidade.
  • reconhecer os principais aspectos etiopatogênicos da SIM-P.
  • estabelecer os principais critérios de definição da SIM-P.
  • avaliar a caracterização clínica e laboratorial da doença.
  • identificar as principais abordagens terapêuticas nas formas leves/moderadas e graves da SIM-P.
  • reconhecer os principais diagnósticos diferenciais da SIM-P.

Esquema conceitual

Introdução

Em dezembro de 2019, o mundo tomou conhecimento de uma nova doença na província de Wuhan, na China, a COVID-19. Em poucos meses, foi identificado seu agente causador — SARS-CoV-2, um novo coronavírus com características genéticas semelhantes às do SARS-CoV-1 e do MERS-CoV, responsáveis por epidemias em 2003 e 2012. Esse novo coronavírus demonstrou uma capacidade elevada de transmissão, ocasionando a rápida disseminação e a pandemia atual. A princípio, acreditou-se que a doença acometia principalmente pacientes idosos, causando uma pneumonia grave. As crianças pareciam desenvolver quadros leves de COVID-19, e quase nenhum óbito foi atribuído a elas.

A letalidade em crianças e adolescentes causada pelo SARS-CoV-2 é menor do que a que ocorreu com o MERS-CoV, que atingiu principalmente a Arábia Saudita e outros países asiáticos.

Em março e abril de 2020, o epicentro da epidemia foi deslocado para Europa e Estados Unidos, e, em pouco tempo, foram relatados, nas cidades mais acometidas pela COVID-19, casos frequentes de crianças com quadros parecidos com os de doença de Kawasaki (DK) e choque tóxico.1,2 Diferentemente dos adultos, que evoluíram com quadros pulmonares graves, as crianças apresentavam-se com sintomas gastrintestinais, febre, alterações cutâneas e uma resposta inflamatória exuberante. Chamavam atenção o acometimento cardíaco e a necessidade de suporte inotrópico.

Observou-se que essas crianças apresentavam em comum história de exposição prévia ao SARS-CoV-2 cerca de quatro a cinco semanas antes do início dos sintomas, e a maioria delas tinha sorologia positiva para a doença. Logo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Center for Disease Control (CDC) publicaram critérios diagnósticos para a então denominada síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P). Ao longo do tempo, mais locais do mundo foram relatando seus casos de SIM-P, muita informação foi agregada, e o espectro da doença passou a ser cada vez mais conhecido e abrangente.

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