Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
- definir conceitos de prevenção e de promoção de saúde mental em contextos de trabalho, bem como termos relacionados aos contextos de trabalho que serão vistos no presente capítulo;
- diagnosticar a demanda de intervenção com base em pressupostos da área de treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E) em contextos organizacionais;
- explicar como implementar programas em contextos organizacionais, incluindo programas preventivos e de promoção de saúde mental, com base em pressupostos da terapia cognitivo-comportamental (TCC);
- resumir técnicas da TCC a serem utilizadas em intervenções voltadas para prevenção e promoção de saúde mental em contextos organizacionais;
- avaliar de forma sistemática as intervenções voltadas para prevenção e promoção de saúde mental em contextos organizacionais com base em pressupostos da área de TD&E em tais contextos.
Esquema conceitual
Introdução
O atual cenário econômico mundial, em que as condições de insegurança no emprego, o subemprego e as novas formas de trabalho são crescentes, tem sido reconhecido como gerador de novos e emergentes riscos para a saúde mental dos trabalhadores. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava, em 2001, que os transtornos mentais menores acometiam em torno de 30% dos trabalhadores atuantes no mercado, e os transtornos mentais graves, cerca de 5% a 10%.1
As estatísticas calculam que mais de 450 milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas por transtornos mentais ou comportamentais. No Brasil, esses transtornos já representam a terceira maior causa de longos afastamentos do trabalho por motivos de doença.2,3 A extensão desses números coloca os problemas de saúde mental em cinco das 10 posições no ranking das principais causas de incapacidade para o trabalho, o que o caracteriza como um fenômeno mundial.4
No Brasil, os dados da Previdência Social (2017, 2018 e 2019) mostram que os transtornos mentais e comportamentais estiveram entre os com maior crescimento nos últimos anos, segundo o acompanhamento mensal dos benefícios auxílio-doença previdenciários concedidos conforme os códigos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10).5 Em 2017, o número registrado foi de 169.107 casos. Em 2018, esse número passou para 209.005 casos e foi superado em 2019, quando 212.256 casos foram registrados na categoria.5
As doenças que mais afastaram os trabalhadores nos referidos anos foram episódios depressivos, transtornos ansiosos, reações ao estresse grave e transtornos de adaptação. Os dados brasileiros divulgados pela Previdência Social corroboram os apresentados pela OMS, que apontavam que, até 2020, a depressão seria a segunda maior causa de perda de dias de trabalho por motivo de doença no mundo.6