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POR TRÁS DA ARMADURA — TRABALHANDO COM OS MEDOS DA COMPAIXÃO

Autores: Sandiléia Pfeiffer, Carolina S. M. Lisboa
epub-PROCOGNITIVA-C9V2_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • avaliar a base evolutiva do conceito de compaixão;
  • identificar os fatores que levam ao desenvolvimento dos medos da compaixão;
  • descrever a função protetiva dos medos da compaixão;
  • utilizar estratégias de avaliação e tratamento para pacientes com medos e bloqueios à compaixão.

Esquema conceitual

Introdução

“Medos, bloqueios e resistências à compaixão não são um problema para a terapia: eles SÃO a terapia”.1

O cuidado é fundamental para a sobrevivência humana. Os prejuízos da ausência de relações seguras são amplamente enfatizados na literatura, enquanto historicamente os eventos baseados em mentalidades de competição e hierarquia levaram a crueldades bárbaras.2,3 Com potencial para colaboração e cuidado tanto quanto para crueldade em disputa por poder, a espécie humana veio evoluindo em meio a ambas as potencialidades.4

Enquanto as épocas de disputa por território demandavam táticas de guerra para garantia de sobrevivência, o século XXI é marcado por conectividade e urgência de ações coletivas para garantia de sobrevivência do planeta.2 No entanto as pessoas ainda são muito motivadas a se defender de ameaças por meio de disputas de poder e a competir para evitar inferioridade, chegando a problemas de preconceito e agressão.2,5

Em meio ao mundo globalizado — conectado e competitivo —, os estudos têm se debruçado a demonstrar os efeitos nocivos da cultura competitiva, tanto em âmbito individual como de sociedade. Como um dos efeitos comuns da cultura competitiva, o autocriticismo em excesso tem se mostrado um grande vilão da saúde mental, prejudicando, inclusive, o alcance do tão almejado sucesso.6

A tarefa de ser humano, então, demanda lidar com um importante paradoxo: conviver em um mundo em que a sua cultura não valoriza um dos mais importantes aspectos evolutivos fisiologicamente registrados para a garantia de sobrevivência, que são as relações de cuidado.2,7

Reconhecendo a complexidade da natureza humana, a necessidade inata das relações sociais e a importância das experiências precoces, a compaixão vem como uma proposta de desenvolvimento de uma forma mais saudável de relação com o mundo.3

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