Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- discutir a assistência de enfermagem ao indivíduo com tétano;
- identificar as características epidemiológicas e clínicas do tétano neonatal e tétano acidental;
- descrever o calendário de vacinação para prevenção do tétano.
Esquema conceitual
Introdução
O tétano é considerado uma doença infecciosa grave, não contagiosa, causada pela bactéria Clostridium tetani (C. tetani), a qual se subdivide entre tétano acidental e tétano neonatal. Trata-se de um bacilo anaeróbico, Gram-positivo, encontrado prioritariamente no solo, na poeira, no esterco e na superfície de objetos, sobretudo os metálicos e enferrujados.1
A história dos primeiros sinais clínicos do tétano é datada da Antiguidade Romana; entretanto, o relato da sua etiologia foi descrito apenas em 1884. As estimativas da incidência da doença ainda são pouco conhecidas em decorrência da raridade da sua notificação nos ambientes de saúde; contudo, acredita-se que o tétano tem sido o causador de cerca de 800 mil a 1 milhão de mortes por ano em todo o mundo. Tal cenário eleva a doença a um patamar de grave problema de saúde pública global, sobretudo em países subdesenvolvidos. Estima-se, por exemplo, que 80% dos casos ocorrem no continente africano e no sudeste asiático; todavia, a doença permanece endêmica em mais de 90 países.2
A mortalidade varia conforme a idade em diversas partes do mundo. Nos Estados Unidos, enquanto a mortalidade geral é de 13,2%, entre idosos ela alcança 31,3%.2 Entre 2001 e 2008, o United States Centers for Disease Control and Prevention contabilizou uma incidência anual de 0,1 caso por 1 milhão de pessoas, sendo que, de todos os que procuraram os serviços de saúde, 96% não receberam profilaxia adequada com vacina e/ou soro antitetânico.1
No Brasil, apesar da redução drástica do número de casos e óbitos nos últimos anos, a doença onera de forma significativa o sistema público de saúde devido ao custo do tratamento.3 Os profissionais de enfermagem se inserem neste contexto como atores fundamentais para o cuidado às pessoas com tétano, atuando em toda a rede assistencial, na pequena, média e alta complexidades.
Dessa forma, a compreensão das características da doença e de todas as dimensões da assistência de enfermagem pode contribuir para que os profissionais possam instrumentalizar sua prática assistencial. Ademais, trata-se de uma ferramenta importante, que pode, diante da gravidade da doença, ser utilizada como instrumento, tanto para os gestores de saúde elaborarem políticas específicas quanto para os profissionais criarem ações de educação permanente de prevenção da doença.