Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- conceituar pesquisa clínica e pesquisa translacional e apresentar sua interface na prática baseada em evidências do enfermeiro;
- apresentar alguns métodos e abordagens em pesquisa clínica e translacional para manejo de sintomas;
- introduzir os aspectos regulatórios envolvendo pesquisa clínica e translacional;
- identificar o avanço nas pesquisas clínicas e translacionais por meio dos biobancos;
- arrolar as principais competências do enfermeiro de pesquisa clínica e translacional;
- integrar a pesquisa clínica e translacional à prática de enfermagem em saúde do adulto.
Esquema conceitual
Introdução
Um tema de crescente interesse na literatura científica tem sido a busca pela otimização do tempo entre a pesquisa básica e a aplicação clínica de seus resultados.1 Nesse sentido, a pesquisa translacional (do inglês, Translational Research) surgiu como nova vertente para a integração do conhecimento, visando a promover o acesso dos usuários aos produtos, políticas e práticas e possibilitar a aplicação prática do conhecimento gerado por essas pesquisas.2,3
Existem diferentes definições para a pesquisa translacional. Contudo, o significado mais empregado faz alusão a uma “ponte” entre as pesquisas básicas (biomédica ou de bancada de laboratório) e as pesquisas aplicadas (por exemplo, os ensaios clínicos randomizados), sendo a expressão bench to bedside (da bancada para a beira do leito),2–5 referida com bastante frequência na literatura e que ganhou destaque com o artigo publicado em 2008 na revista Nature — ”Crossing the valley of death”.6 Essa perspectiva envolveria, portanto, a descoberta de uma ideia até a sua materialização em um produto (medicamentos, vacinas, testes diagnósticos, dispositivos, entre outros).
Há uma interpretação da pesquisa translacional que vai além da disponibilização do produto, englobando o acesso da população a esses produtos, as mudanças nas condutas de saúde com a adoção de guias de prática clínica e a avaliação do impacto real gerado na saúde dos indivíduos e populações.2–4
A pesquisa translacional pode ser entendida genericamente como processos envolvidos na criação do conhecimento e sua aplicação para produzir benefícios para a sociedade. Em particular na saúde pública, ela busca dirimir as lacunas entre o conhecimento produzido e a aplicação dele, a fim de maximizar os benefícios das ações e dos serviços de saúde e melhorar as condições de saúde dos indivíduos e das coletividades.3,7