Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- considerar aspectos relacionados ao conceito e à prevalência das doenças raras no mundo e no Brasil;
- analisar, de modo geral, o contexto que envolve as doenças raras e como elas estão inseridas nos sistemas de saúde;
- reconhecer as principais políticas públicas relacionadas às doenças raras no Brasil;
- identificar as etapas para disponibilização dos medicamentos para doenças raras no Sistema Único de Saúde;
- verificar as principais diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras;
- identificar os medicamentos para o tratamento de doenças raras disponíveis no Sistema Único de Saúde;
- vislumbrar o papel do farmacêutico na assistência farmacêutica às doenças raras.
Esquema conceitual
![](https://api.plataforma.grupoa.education/v1/portalsecad/articles/12207/links/Images/EC_Doencas.png)
Introdução
As doenças raras são condições de saúde que afetam um pequeno número de pessoas quando comparadas às estimativas das doenças prevalentes.1 São doenças crônicas, progressivas e incapacitantes, que geralmente não têm cura e podem resultar em morte precoce. Caracterizam-se por apresentar uma vasta diversidade de sintomas, que variam entre os tipos de doenças e entre os pacientes para uma mesma doença.2,3
Nessas condições de saúde, as ações que envolvem o acesso aos produtos terapêuticos, tanto medicamentos quanto dispositivos médicos adequados, tornam-se essenciais para evitar a progressão da doença e para manter a qualidade de vida do paciente.
Muitos avanços na estruturação das políticas públicas de saúde têm permitido maior acesso aos serviços e medicamentos. No entanto, é preciso avanço contínuo, principalmente quando se dimensionam nichos populacionais com necessidades diferenciadas. Muitos pacientes com doenças raras enfrentam barreiras no acesso aos cuidados, e estimou-se, há uma década, que menos de 10% recebiam tratamento específico para a doença.4
Na abordagem às doenças raras, a experiência de cada indivíduo é única; no entanto, a natureza crônica, o risco à vida e a baixa prevalência implicam compartilhamento de necessidades semelhantes, que alocam essas condições de saúde a um importante patamar de discussões no âmbito da saúde pública.2,5
A complexidade relacionada às doenças raras permeia a indisponibilidade de recursos humanos capacitados e de tecnologias necessárias tanto para o diagnóstico quanto para a manutenção do tratamento.
Os altos preços envolvidos nessa infraestrutura acarretam a necessidade de concentrar serviços e recursos em centros de saúde, que, além de atender pacientes, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. No Brasil, essa rede é composta, na sua maioria, por hospitais universitários públicos, o que amplia a responsabilidade e a importância de estruturar as políticas públicas de saúde para as doenças raras.
Considerando o exposto, este capítulo busca abordar a assistência farmacêutica para as doenças raras no cenário da saúde pública brasileira, explorando aspectos relacionados ao conceito, à prevalência, às políticas públicas, aos tratamentos disponíveis e às considerações sobre o papel do farmacêutico no cuidado destinado às pessoas com doenças raras.