Entrar

ATONIA UTERINA

Autor: Romulo Negrini
epub_All_Artigo5
  • Introdução

Após a expulsão da placenta, o quarto período do parto se inicia (período de Greenberg), cuja duração convenciona-se em 1 hora. Nesse período, o organismo usa mecanismos hemostáticos para evitar o sangramento vaginal intenso, os quais:1

 

  • miotamponamento — contração do útero que busca a compressão das arteríolas uterinas que irrigavam a placenta;
  • trombotamponamento — formação de trombos em arteríolas uterinas que antes irrigavam a placenta;
  • indiferença miouterina — momentos intercalados de contração e relaxamento uterinos para expulsar acúmulos de sangue no seu interior;
  • contração uterina fixa — aumento importante e mantido do tono uterino, que forma o globo de segurança de Pinard e mantém os vasos sanguíneos fixamente obstruídos.

A falha nos mecanismos de contração envolvidos nos processos de miotamponamento e de contração uterina fixa é conhecida como atonia uterina. A consequência dessa falha será o sangramento vaginal intenso.

A atonia uterina é a principal causa de hemorragia pós-parto (HPPhemorragia pós-parto), responde por mais de 80% dos casos relacionados a essa condição.

A HPPhemorragia pós-parto pode ser a perda sanguínea maior do que 500mL, em parto vaginal, ou 1.000mL, em cesarianas, em até 24 horas após a expulsão do concepto, sendo considerada maciça quando acompanhada de perda de mais de 2.500mL (ou 30% da volemia).2

A HPPhemorragia pós-parto é a principal causa de morte materna no mundo, responde por 30% dos óbitos maternos de causa obstétrica, com aproximadamente uma morte a cada 150 mil partos.3 Sua distribuição é heterogênea, com mais óbitos em países subdesenvolvidos. As taxas de morte materna chegam a 40 por 100 mil no sul da África, contra 8,9 por 100 mil nos Estados Unidos e 1 por 100 mil na Inglaterra, provavelmente em razão da assistência ao parto e aos protocolos bem estabelecidos nesses últimos países.4

Mesmo com apropriada terapêutica, cerca de 3% dos partos vaginais evoluem com HPPhemorragia pós-parto.2 Estima-se que essa condição é responsável pela perda de uma mãe a cada 7 minutos no mundo.5 Entretanto, 88% das mortes ocorrem nas primeiras 4 horas pós-parto e mais de 55% podem ser prevenidas com medidas diagnósticas e terapêuticas rápidas e assertivas.6,7

Mesmo quando não associada ao óbito, a morbidade pode ser grande nos casos de HPPhemorragia pós-parto, sendo relacionada à perda sanguínea e ao retardo de medidas terapêuticas. Essas morbidades envolvem desde a insuficiência renal até a histerectomia e as suas complicações.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar os fatores de risco, redobrando-se atenção nos casos de atonia uterina;
  • distinguir as medidas profiláticas e a sua eficácia nos casos de atonia uterina;
  • diagnosticar, clinicamente, a atonia uterina;
  • distinguir o protocolo de medidas sequencial para tratamento da atonia uterina, buscando a redução de morbidade e mortalidade maternas;
  • atentar para as medidas coadjuvantes de proteção e funcionalidade orgânica materna.
  • Esquema conceitual
×
Este programa de atualização não está mais disponível para ser adquirido.
Já tem uma conta? Faça login