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ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM TERRITÓRIOS RURAIS: CONCEITOS, CONTEXTO E PRÁTICA PROFISSIONAL

Autores: Cassiano Mendes Franco, Aline Gonçalves Pereira, Adriano Maia dos Santos
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • aplicar conceitos de ruralidade e território à prática profissional na Atenção Primária à Saúde (APS);
  • identificar peculiaridades da APS em territórios rurais;
  • reconhecer o trabalho da enfermagem na APS na especificidade dos territórios rurais.

Esquema conceitual

Introdução

A garantia de acesso à atenção integral às populações rurais é um desafio global.1 Essas populações apresentam um estado de saúde mais deteriorado quando comparadas àquelas que vivem em ambientes urbanos.2,3 Parte dessas limitações pode ser relacionada a um conceito de ruralidade ainda amplamente identificado como subproduto do urbano, sem reconhecimento de suas especificidades.

Para enfrentar os desafios que são impostos aos territórios rurais para a garantia do acesso universal à saúde, o papel da APS tem sido largamente enfatizado, especialmente por meio de modelos de APS abrangentes e contínuos.1,4

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma concepção avançada de APS abrangente e longitudinal, especialmente por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), que se estende por todo o país.5 Em territórios rurais, a APS, muitas vezes, representa o único recurso de saúde disponível, destacando-se a ESF como uma das políticas mais efetivas para a saúde da população rural brasileira.6,7

A saúde rural demanda uma APS robusta e integrada às Redes de Atenção à Saúde, ancorada em seus atributos essenciais (acesso, longitudinalidade, integralidade, coordenação da atenção) e derivados (abordagem familiar e comunitária e competência cultural).8

Na equipe da ESF, a enfermeira ocupa um espaço de protagonismo para a produção do cuidado integral. Em territórios rurais, a atuação das enfermeiras na ESF é influenciada por condições de contexto que, frequentemente, colocam ainda mais em evidência esse protagonismo, envolvendo competências clínico-assistenciais, de gestão e coordenação do cuidado, além de habilidades relacionais com usuários/comunidade, outros profissionais de saúde e gestores.

Este capítulo explora essas condições, propondo reflexões e uma abordagem crítica sobre a atuação da enfermeira no contexto dos territórios rurais, a partir de três eixos principais:

  • ruralidade e território — apresentando conceitos que se interrelacionam com as práticas de saúde rural;
  • APS em territórios rurais — destacando peculiaridades dos desafios e do contexto da saúde rural na APS;
  • trabalho da enfermeira na APS em territórios rurais — com foco no processo de trabalho na ESF nesses territórios.
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