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ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO FUTEBOL AMERICANO

Raphael Salgado Costa

Carlos Hermano da Justa Pinheiro

João Marcos Venâncio Franco

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • reconhecer o futebol americano (FA) quanto a regras, posições e demandas funcionais;
  • identificar a incidência e os mecanismos de lesões mais comuns no FA;
  • reconhecer as demandas biomecânicas de cada posição do FA e sua avaliação;
  • indicar um programa preventivo direcionado para o FA;
  • identificar programas de reabilitação para atletas que tenham sofrido concussão no FA.

Esquema conceitual

Introdução

Videoaula sobre o capítulo

O FA é uma modalidade esportiva conhecida pela alta incidência de lesões, que podem ser de ordem musculoesquelética, encefálica, medular, entre outras, as quais estão relacionadas direta ou indiretamente à prática esportiva. Alguns autores afirmam que o FA é o esporte com maior índice de lesões praticado nos Estados Unidos da América (EUA).1

Desde sua origem, em 1867, criado por forte influência do rúgbi, o FA sofreu inúmeras mudanças e adaptações até chegar à maneira difundida atualmente. O dinamismo das jogadas associado à condição física dos atletas e as colisões em alta velocidade sempre sustentaram a hipótese de várias lesões ao longo dos tempos, sendo tema de inúmeras investigações clínicas em nível escolar (youth e high school football), universitário (college football) e profissional não somente no continente norte-americano, mas também nos continentes sul-americano, europeu e asiático.2

A National Football League (NFL) é a maior liga de FA do mundo, com 32 times nos EUA. Em termos de renda e número de fãs, a NFL é a maior organização de esportes na América do Norte e uma das maiores do planeta. A partida final da liga, conhecida como Super Bowl, é o segundo evento esportivo com mais audiência no mundo. Os melhores atletas da modalidade têm, como objetivo, um contrato milionário em uma das franquias. Estudos sobre incidência de lesões no esporte são divulgados anualmente pela liga, como forma de nortear as equipes.3–5

Tais fatores, associados à popularidade adquirida do FA, nortearam o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt a criar a National Collegiate Athletic Association (NCAA) em 1906, com intuito de regular a prática desportiva em nível universitário e, sobretudo, prevenir atletas jovens da ocorrência de lesões severas e fatalidades já presentes até então.6

A NCAA tem realizado e publicado, de maneira consistente, na literatura científica, uma série de estudos acerca das lesões em várias modalidades, principalmente no FA, ajudando, assim, no entendimento de fatores de risco, perfil e padrões lesivos, além da escolha de tratamento mais adequado.7 Alterações nas regras do jogo e mudanças nos equipamentos de proteção foram adotadas como tentativas de medidas preventivas respaldadas pelos estudos da NCAA, elucidando a importância das pesquisas desenvolvidas.

O FA já está presente em território brasileiro com forte apelo na mídia e torneios regulares em ligas nacionais, regionais e locais. A Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) é responsável pela organização e pela regulamentação do esporte nacionalmente, fomentando campeonatos e selecionando atletas para a seleção brasileira, que disputou o último campeonato mundial da modalidade em 2015. De acordo com dados da confederação em 2019, existiam 5.133 atletas confederados e 19 mil pessoas cadastradas no sistema, entre as quais estavam atletas, técnicos, gestores, árbitros e demais agentes imersos na comunidade, com mais de 400 equipes cadastradas em todas as modalidades do FA (full pad, flag e beach football).8

É necessário o conhecimento do jogo, dos fatores de risco e da incidência de lesões no FA não só internacionalmente, mas também nacionalmente, para que estratégias de prevenção bem-sucedidas possam ser desenvolvidas, diminuindo o risco de lesões.

O FA no Brasil ainda é predominantemente amador, com carência de recursos financeiros e investimentos, sendo evidenciada, na maioria das vezes pelas más condições dos gramados em treinos e jogos oficiais, falta de um programa de treinamento de força adequado às necessidades para cada time e ausência de departamentos médicos, fisioterapêuticos, fisiológicos e nutricionais.

Além disso, A base científica do FA ainda é bem fraca em relação aos dados nacionais, no que diz respeito à incidência de lesões, biomecânica específica, avaliação (testes validados) e prevenção de lesões, o que dificulta a atuação fisioterapêutica embasada no esporte.

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