Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os mecanismos neurobiológicos envolvidos no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH);
- identificar mecanismos para avaliação clínica e elaboração de metas terapêuticas para o atendimento de crianças e adolescentes com TDAH;
- definir diretrizes do atendimento clínico de crianças e adolescentes com TDAH e seus pais.
Esquema conceitual
Introdução
O TDAH é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento com prejuízos clinicamente significativos, sendo marcado pela tríade de sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade de início precoce no desenvolvimento, aparecendo antes dos 12 anos de idade.1 Na clínica infantojuvenil, o TDAH é o quadro que mais leva à procura por acompanhamento psicoterapêutico, seguido por transtorno da conduta (TC) e transtornos ansiosos.2 Os problemas relacionados ao TDAH acarretam, muitas vezes, prejuízos globais no funcionamento do indivíduo, passando por problemas sociais, acadêmicos, emocionais e comportamentais, afetando pais, professores e outras pessoas que convivem com a criança diariamente.
O entendimento do funcionamento cognitivo e comportamental do TDAH na infância e na adolescência está bem estabelecido na literatura, assim como são difundidas diretrizes gerais para o atendimento e o manejo nessa população. Em 2022, o Ministério da Saúde divulgou diretrizes para o acompanhamento de crianças e adolescentes com TDAH,3 e o quadro está incluso na legislação que garante inclusão e adaptações curriculares com transtornos específicos de aprendizagem, como dislexia.4 Entretanto, o acompanhamento psicológico de crianças e de adolescentes com TDAH é desafiador, pois o quadro pode acarretar diversos problemas cognitivos e emocionais, além de comorbidades psiquiátricas que podem dificultar o manejo clínico.
Dessa forma, este capítulo apresenta um panorama dos funcionamentos cognitivo, emocional e comportamental de crianças com TDAH, e mecanismos biológicos e neuropsicológicos associados, para proporcionar uma conceitualização cognitiva do caso diretiva e eficaz, proporcionando atendimento adequado para o indivíduo e sua família.