Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
- revisar particularidades do manejo perioperatório e cirúrgico das moléstias adrenais;
- elencar as opções de abordagem cirúrgica;
- explicar quais são os resultados esperados e o seguimento de pacientes com doenças adrenais.
Esquema conceitual
Introdução
A primeira adrenalectomia bem-sucedida é atribuída a Knowsley Thornton e foi realizada em 1889. Mais adiante, foram desenvolvidas opções da técnica cirúrgica, como a abordagem transabdominal mediana, subcostal, por George Crile e Charles Mayo, em 1927, e posterior, por Lennox R. Broster, em 1932. Após a introdução da videocirurgia, a adrenalectomia laparoscópica foi descrita em 1992 por Michel Gagner.1 Características como a localização retroperitoneal profunda e a natureza frequentemente benigna dos tumores adrenais permitiram a rápida aceitação e a evolução dessa técnica minimamente invasiva.2
Em detrimento das cirurgias convencionais com grandes incisões da parede abdominal, a via laparoscópica estabeleceu-se como a abordagem preferencial devido à redução da incidência de hérnia incisional e da dor pós-operatória, ao menor tempo de hospitalização e ao melhor resultado cosmético, com retorno mais rápido às atividades habituais. Inicialmente realizada por laparoscopia anterior, a via posterior (retroperitoneoscópica) foi realizada em 1993 e sistematizada por Martin Walz, em Essen, Alemanha, permitindo o emprego da técnica de forma reprodutível.2
De acordo com as formas de apresentação das doenças adrenais, que variam desde um simples nódulo sem produção hormonal excessiva e sem necessidade de cirurgia até um quadro de malignidade franca, é importante que as equipes de endocrinologia clínica e cirúrgica estejam familiarizadas com aspectos de manifestações e cuidados específicos de cada patologia.
Visando à obtenção dos melhores resultados e à segurança do paciente, neste capítulo são apresentados fatores importantes para a escolha do melhor acesso cirúrgico e os elementos perioperatórios essenciais que estão presentes na rotina de avaliação e no manejo das doenças das glândulas adrenais, sob a perspectiva do cirurgião endócrino, e que podem auxiliar o endocrinologista na tomada de decisões baseadas em evidências.