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PAPEL DOS INIBIDORES DO COTRANSPORTADOR DE SÓDIO-GLICOSE 2 NO TRATAMENTO DO DIABETES

Hermelinda Cordeiro Pedrosa

Mariani Carla Prudente Batista

epub-BR-PROENDOCRINO-C13V2_Artigo3

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

  • descrever o mecanismo de ação dos inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 (em inglês, sodium-glucose cotransporter 2 inhibitor [iSGLT-2]);
  • apresentar os efeitos metabólicos, cardiovasculares e renais associados aos iSGLT-2;
  • citar as indicações e benefícios dessa classe de medicamentos;
  • reconhecer as possíveis complicações e contraindicações dos iSGLT-2.

Esquema conceitual

Introdução

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica cada vez mais prevalente e está associada a considerável morbimortalidade, com impacto significativo nos sistemas de saúde em todo o mundo.1 A hiperglicemia é o marcador bioquímico utilizado para o diagnóstico de DM e desempenha papel central na patogênese dos dois principais defeitos metabólicos característicos do DM2, resistência periférica à insulina (RI) e secreção deficiente de insulina pelas células β, além de ser um dos principais fatores envolvidos nas complicações crônicas da doença.2,3

No entanto, outros componentes metabólicos, envolvendo múltiplas vias em vários órgãos e tecidos, atuam na fisiopatogênese do DM2, como destacado por DeFronzo, à parte da RI em fígado (aumento da produção hepática de glicose [gliconeogênese hepática]), no tecido adiposo (aumento de lipólise) e no músculo (captação deficiente de glicose), outras disfunções ocorrem, como as seguintes:4

  • no trato gastrintestinal (deficiente efeito incretínico);
  • nas células α pancreáticas (hiperglucagonemia);
  • nos rins (reabsorção aumentada tubular de glicose);
  • nos neurotransmissores cerebrais (disfunção).

Assim, passou-se a buscar medicamentos cujos alvos terapêuticos não sejam a célula β ou a RI, mas que efetivamente diminuam o nível de glicose no plasma, produzam durabilidade do controle glicêmico sem associação à hipoglicemia e ao ganho de peso e, sobretudo, que atendam as demandas de proteção aos desfechos cardiovasculares — condição imposta em 2008 pelo Food and Drug Administration (FDA) à indústria farmacêutica.5,6

Evidências mostram que o aumento da reabsorção renal de glicose pelos rins em pacientes com DM2 agrava a hiperglicemia. Nesse contexto, foi desenvolvida uma nova classe de antidiabéticos orais (ADO), os inibidores do cotransportador renal de sódio-glicose (iSGLT), inicialmente denominados “gliflozinas”, com objetivo de produzir glicosúria e reduzir a concentração de glicose no plasma.7,8

Os iSGLT-2 reduzem a glicemia plasmática por inibição da recaptação de glicose pelo rim, sem ganho de peso, e diminuem a pressão arterial (PA). Como o mecanismo é independente, tanto da secreção quanto da ação da insulina, os iSGLT-2 diminuem a concentração de glicose no plasma com menor risco de hipoglicemia.9

Neste capítulo serão revisados os principais dados disponíveis sobre essa nova classe de ADO, os iSGLT-2.

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