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AUTONOMIA PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO NA PERSPECTIVA DO GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR

Autor: Rafaela Lira Mendes Costa
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • compreender o que é autonomia profissional;
  • identificar quais são os elementos que garantem a preservação e a eficácia da autonomia profissional do enfermeiro no ambiente hospitalar;
  • reconhecer a importância de os enfermeiros assumirem uma postura de liderança que favoreça o exercício da autonomia profissional durante o trabalho em equipe;
  • identificar as potencialidades e dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros durante a construção de sua autonomia profissional no ambiente hospitalar;
  • refletir sobre a importância de implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem no gerenciamento do cuidado com autonomia profissional.

    Esquema conceitual

Introdução

Falar sobre o exercício da autonomia profissional é uma tarefa muito mais difícil do que se pode imaginar, sobretudo para quem busca constantemente tornar essa experiência satisfatória em um ambiente de grande complexidade como o hospitalar.1 A necessidade de exploração mais detalhada acerca da autonomia dos enfermeiros advém da configuração atual do trabalho nesse cenário de atuação que, progressivamente, tem ganhado novos contornos, novas demandas, dificuldades e tecnologias e, por vezes, ainda sustenta práticas centradas no modelo assistencial biomédico.2

Nesse paradigma, considera-se que o exercício autônomo dos enfermeiros está cerceado pelas demandas direcionadas pela decisão do médico, tornando-o o principal mediador entre as necessidades dos pacientes e a oferta de serviços de saúde, bem como contribuindo para que ele permaneça em uma posição hegemônica e seu trabalho tenha maior valor socioeconômico, fato que reduz a possibilidade de ampliação da autonomia profissional dos enfermeiros no âmbito hospitalar.3

Na atual conjuntura política e social, os profissionais de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) ainda enfrentam problemas relacionados à precarização no processo de trabalho no sistema de saúde, como a falta de infraestrutura para o atendimento, a escassez de insumos, o dimensionamento inadequado de pessoal, a falta de equipamento de proteção individual (EPI), as jornadas de trabalho extensas, a sobrecarga laboral, os baixos salários e a falta de capacitação no serviço.4

Além disso, a categoria continua sendo a única profissão de saúde que não possui carga horária da jornada de trabalho definida legalmente. No Brasil, esses desafios em sua maioria são históricos, mas é durante a pandemia de COVID-19 que eles se agravam ainda mais.4

Diante desse cenário complexo e desafiador, a enfermagem procura se fortalecer enquanto ciência e renova a sua luta por valorização profissional e reconhecimentos técnico, científico, financeiro e social.5 Nesse sentido, considera-se que certo grau de autonomia é essencial para o desenvolvimento da enfermagem, especialmente no campo da saúde, no qual o trabalho é coletivo e desenvolvido de forma compartilhada ou complementar por diferentes profissionais que possuem formação e práticas distintas.6

Para a organização do processo de trabalho em enfermagem, é necessário que a categoria profissional desenvolva competências técnicas, teóricas, políticas e éticas que atendam às necessidades dos sujeitos em suas múltiplas dimensões. A competência aqui pode ser entendida como as características que integram diferentes saberes, valores, habilidades, atitudes pessoais e sociais, sendo as habilidades de decidir, atuar e solucionar problemas a partir da ação.7

A competência resulta da combinação de múltiplos saberes — saber conhecer, saber fazer, saber agir, saber conviver — capazes de propiciar respostas efetivas aos desafios advindos do contexto do gerenciamento do cuidado, o que implica aos enfermeiros buscarem e aplicarem novos conhecimentos e competências para o desempenho com propriedade de seu ofício.7

Tendo a compreensão de que os enfermeiros exercem papel singular e fundamental no cuidado aos pacientes, torna-se importante assegurar o exercício de sua autonomia profissional em todos os espaços de atuação, a fim de conferir maior poder de decisão na execução de seu ofício.8 Contudo, essa autonomia é considerada uma questão complexa, devido às influências que sofre da estrutura social em que o trabalho é realizado e dos obstáculos impostos no cotidiano para a concretização do exercício autônomo.

Resistir a essas influências e derrubar as barreiras que impedem a consolidação da autonomia do enfermeiro possibilita seu melhor desempenho e fortalece as relações entre membros da equipe de saúde, pacientes e familiares.9

Diante do exposto, torna-se fundamental aprofundar o debate sobre a temática que envolve as potencialidades e dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros no que tange ao exercício de sua autonomia profissional durante o gerenciamento do trabalho no ambiente hospitalar.

Este capítulo traz discussões pertinentes, com base na literatura científica disponibilizada até o momento, acerca da tomada de decisão que envolve o trabalho colaborativo em saúde e das situações em que se torna desafiador para os enfermeiros se afirmarem como protagonistas do cuidado perante a equipe multidisciplinar, o que será determinante para uma experiência de trabalho positiva ou negativa nos hospitais.

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