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AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE CRIANÇAS INTERNADAS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA E PÓS-ALTA HOSPITALAR

Renata de Freitas Pires

Cristino Carneiro Oliveira

Laura Alves Cabral

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Introdução

As unidades de terapia intensiva (UTIs) surgiram no Brasil por volta de 1960 e são caracterizadas por admissão de pacientes graves e funcionamento em ambiente hospitalar, bem como compostas pelos mais sofisticados equipamentos e recursos para suporte de vida. Esses ambientes também requerem equipe experiente em cuidados a pacientes graves.1 Na década de 1970, foram implantadas, no Brasil, as unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIPs),2 com assistência a pacientes com idades entre 29 dias e 18 anos de idade.3

O número de crianças que necessitam de atendimento intensivo é crescente desde o início das UTIPs no Brasil.4 As UTIPs têm o objetivo de promover5

 

  • o tratamento para crianças em fase aguda de doenças graves;
  • a estabilização de doenças crônicas;
  • os cuidados intensivos pós-cirúrgicos;
  • o alívio imediato de sintomas.

Novos estudos e investimentos em tecnologias, equipamentos e medicamentos que auxiliam no suporte à vida vêm sendo desenvolvidos para aplicação nas UTIPs em razão da demanda de cuidados intensivos pediátricos.2 A evolução do conhecimento e da terapêutica nesse contexto resultaram em diminuição das taxas de mortalidade em aproximadamente 2% ao ano, desde o ano 2000.6–9 Entretanto, simultaneamente ao aumento de sobrevida dos pacientes pediátricos, a morbidade de sobreviventes aos cuidados críticos tem aumentado em decorrência do processo de adoecimento e tratamento durante a internação.8,10,11

Uma recente revisão de literatura aponta que um novo comprometimento funcional, no momento da alta da UTIP, pode ocorrer em 10 a 36% das crianças gravemente doentes.12 Tal comprometimento, também chamado de síndrome pós-cuidados intensivos (em inglês, post intensive care syndrome [PICS]), repercute de forma negativa no desempenho e no desenvolvimento global da criança, podendo persistir por meses a anos após a alta hospitalar.6,12,13

Atualmente, a assistência em saúde na UTIP está sendo direcionada não apenas para maximizar a sobrevivência, mas também para aumentar a sobrevida, mantendo a adequada funcionalidade dos pacientes internados.14 A doença crítica é um evento importante que requer mudança de estilo de vida para pacientes e suas famílias. Muitos sobreviventes podem evoluir com deficiências novas e persistentes relacionadas às funções física, psicológica, cognitiva e social.15

Além de mensurar as taxas de mortalidade, a avaliação da morbidade, da funcionalidade e do bem-estar tem se tornado muito relevante para o acompanhamento de pacientes sobreviventes de UTIP.16,17

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer como a PICS pode afetar a funcionalidade de crianças hospitalizadas em UTIP;
  • identificar e interpretar os resultados fornecidos por escalas de avaliação da funcionalidade de crianças internadas em UTIP e pós-alta hospitalar, traduzidas, adaptadas e validadas para uso na população brasileira;
  • elaborar raciocínio clínico baseado em evidências científicas sobre a avaliação da funcionalidade de crianças internadas e sobreviventes de UTIP.

Esquema conceitual

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