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POSSIBILIDADE DA VENTILAÇÃO COM PRESSÃO DE SUPORTE COMO MODO DE ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA EM NEONATOLOGIA

Tatiane Falcão dos Santos Albergaria

Lívia Teixeira Tavares

Antonio Carlos Magalhães Duarte

Paloma Cerqueira Vieira Motta

Maiara Lanna Souza Bacelar Bouzas

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Introdução

Um dos maiores desafios à manutenção da vida do recém-nascido (RN) relaciona-se à sua capacidade adaptativa ao ambiente extrauterino. A mais determinante para o sucesso da manutenção da sua vida, indiscutivelmente, é a adaptação do sistema respiratório a essa nova realidade.1,2 A insuficiência respiratória aguda é uma situação frequente na população neonatal, considerando as diferenças anatômicas compatíveis com a idade em relação à população adulta, agravadas na ocorrência de parto prematuro e/ou de patologias que venham a comprometer a mecânica ventilatória.3,4

A assistência ventilatória em qualquer população pode ser entendida como um suporte contínuo, necessário para a manutenção artificial da oxigenação e/ou da ventilação até que o indivíduo esteja em condições de assumir outra vez essas funções de forma independente.5

Historicamente, é possível encontrar relatos de insucesso da ventilação mecânica em neonatologia devido ao uso de modos ventilatórios para pacientes adultos, com estratégias ventilatórias que não consideravam as diferenças anatômicas e fisiológicas inerentes ao desenvolvimento do RN.5

A ventilação mandatória intermitente foi a primeira modalidade a ser utilizada com indicação específica para RN, e era vista como o suporte ideal pelo fato de não exigir esforço da musculatura respiratória para a abertura da válvula inspiratória. Mas, essa mesma característica levou à diminuição progressiva do seu uso na prática clínica. A ausência de disparo e a falta de sincronia proporcionavam frequentes falhas de interação, grande variação do volume corrente e maior risco de lesão pulmonar.5

Sincronizar o ciclo espontâneo com o mandatório, enviado pelo aparelho de ventilação mecânica, por meio da ventilação mandatória intermitente sincronizada (em inglês, synchronized intermittent mandatory ventilation [SIMV]), surgiu como uma proposta de aperfeiçoamento da ventilação, visto que melhoraria a interação do RN com ela, identificando seu esforço inspiratório, e, assim, impedindo as sobreposições de ciclos.6

A característica da sincronização foi possível devido à incorporação de sensores microprocessados aos equipamentos de ventilação mecânica. Embora a SIMV tenha se apresentado com uma vantagem teórica em relação à ventilação mandatória intermitente, a literatura científica não conseguiu mostrar sua superioridade, devido à manutenção de falhas durante a interação do paciente com o aparelho, com consequente aumento do trabalho respiratório.6

A utilização da ventilação com pressão de suporte (em inglês, pressure support ventilation [PSV]) associada à SIMV para apoiar as respirações espontâneas dos RNs foi introduzida buscando reduzir o trabalho aumentado do músculo inspiratório. A PSV é um modo assistido, limitado a pressão, em que cada incursão é iniciada e finalizada pelo paciente, sendo assistido por uma pressão positiva inspiratória previamente determinada. O gradiente de pressão positiva inspiratória possui a responsabilidade de vencer as cargas mecânicas do sistema.7

Diante das atuais recomendações que questionam o sucesso da sincronia proposta pela SIMV, a PSV continua ganhando espaço, associada a outros modos ventilatórios, e até mesmo de forma isolada. Na neonatologia, também é possível a associação da PSV a outros modos ou de forma isolada, porém seu uso é bastante comum associado a SIMV.7–9

Na prática clínica, ainda é vista com restrições na maioria dos casos, principalmente pela justificativa de imaturidade do sistema neurológico dos RNs, além da imaturidade da musculatura respiratória, podendo levar a quadros de apneia e fadiga.

As justificativas foram erroneamente introduzidas na prática clínica devido a conceitos como “PSV o RN respira sozinho”, a falta de conhecimento da presença da ventilação de backup que assegura a ventilação do paciente nos casos de apneia e a não identificação de falhas de interação nos modos assisto-controlados em geral utilizados que, mesmo oferecendo a possibilidade de o operador ajustar um maior número de parâmetros, não garante maior suporte ao paciente, pois, uma vez mal ajustado, pode produzir sobrecarga à musculatura respiratória.10

Revisar a literatura em relação às evidências sobre o uso da PSV como modalidade ventilatória, e não apenas como estratégia de desmame, faz-se essencial para tornar possível o seu incremento na prática clínica, beneficiando os RNs.

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • contextualizar os conceitos da PSV;
  • reconhecer as características da PSV;
  • revisar a literatura sobre a aplicabilidade da PSV como modo ventilatório;
  • resolver os principais desafios encontrados na prática clínica da população neonatal com relação à aplicação da PSV.

Esquema conceitual

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