Objetivos
Ao final deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer os fundamentos da radiografia de tórax;
- identificar as diferenças da radiografia do recém-nascido (RN);
- avaliar a qualidade técnica da imagem;
- sistematizar a interpretação da radiografia de tórax;
- diferenciar padrões patológicos comuns na neonatologia;
- correlacionar a imagem radiológica com o contexto clínico;
- indicar condutas terapêuticas efetivas;
- reconhecer a importância da participação ativa em reuniões clínicas e visitas médicas.
Esquema conceitual
Introdução
A radiografia de tórax é um dos procedimentos mais solicitados nas unidades de terapia intensiva neonatais (UTINs), representando uma ferramenta indispensável no diagnóstico e acompanhamento clínico de doenças pulmonares. Tem custo relativamente baixo, é de fácil execução (inclusive à beira do leito) e utiliza baixa radiação.1 É fundamental na avaliação da posição de dispositivos de suporte (tubo traqueal, sondas, cateteres e dreno torácico) e vital no diagnóstico de condições potencialmente fatais, como pneumonia, pneumotórax e hérnia diafragmática. A interpretação da radiografia do tórax pediátrico difere da interpretação da radiografia de adultos por alguns fatores:2
- variação das estruturas em crescimento, como, por exemplo, a aparência do timo em bebês, que pode simular processo patológico ou massa mediastinal;
- achados radiológicos em crianças apresentando diagnósticos diferenciais mais amplos, como doenças pulmonares congênitas e outras malformações;
- patologias comuns ao longo da vida, que podem se apresentar de forma diferente nas crianças, como a pneumonia “redonda”;
- dificuldade na obtenção de exames de boa qualidade, pois, além da movimentação, a falta de cooperação e a respiração rápida dificultam a realização de imagens em inspiração profunda.
Todos esses fatores representam desafios adicionais na interpretação da radiografia de tórax do RN, e a chave para o sucesso inclui:
- familiarização com imagens normais para diferenciá-las do quadro anormal;
- conhecimento da anatomia radiológica do tórax e de suas variações;
- avaliação da técnica e abordagem sistematizada;
- conhecimento dos diagnósticos diferenciais (incluindo malformações);
- realização de anamnese e exame físico previamente;3
- comparação com imagens anteriores quando disponíveis.
O conhecimento das particularidades do RN evita diagnósticos equivocados e reduz iatrogenias.4 Obedecer a um roteiro minucioso e previamente definido é uma estratégia para que todas as estruturas do tórax sejam avaliadas e evita o foco apenas no parênquima pulmonar. A terminologia adequada na descrição das imagens também é um fator importante, pois facilita a comunicação entre os profissionais de diferentes especialidades.5
Neste capítulo, abordam-se, de forma prática, os fundamentos da radiologia, a anatomia radiológica do tórax neonatal, um roteiro para sistematização e a interpretação da imagem em diferentes contextos clínicos.