Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- reconhecer as causas e o impacto das assincronias paciente–ventilador (APVs);
- identificar os sinais e sintomas associados a essas assincronias;
- reconhecer as estratégias para ajustar os parâmetros ventilatórios e promover uma melhor interação entre o paciente e o ventilador;
- indicar os modos ventilatórios mais adequados para evitar assincronias;
- reconhecer a importância do monitoramento contínuo da interação paciente–ventilador;
- indicar quando e como intervir precocemente para corrigir as assincronias e garantir uma ventilação eficaz;
- identificar, manejar e prevenir APVs em pacientes pediátricos e neonatais, melhorando, assim, a qualidade da assistência respiratória prestada a esses pacientes vulneráveis.
Esquema conceitual
Introdução
A ventilação mecânica (VM) é uma intervenção vital em unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIPs), destinada a fornecer suporte respiratório a crianças em estado crítico. Embora a VM seja fundamental para garantir a oxigenação adequada e a eliminação de dióxido de carbono, é essencial compreender que seu principal objetivo não é substituir completamente a respiração espontânea do paciente, mas sim complementá-la de forma a minimizar o trabalho respiratório excessivo. Nesse contexto, a interação adequada entre o paciente e o ventilador desempenha um papel crucial para garantir uma ventilação eficaz e segura.1
A sincronização entre o paciente e o ventilador é um aspecto fundamental da VM. Idealmente, o ciclo respiratório do paciente e as fases da respiração fornecidas pelo ventilador devem estar perfeitamente alinhados. No entanto, nem sempre é possível alcançar essa sincronia perfeita, o que pode levar ao desenvolvimento de APV.1,2
A APV ocorre quando há uma falta de coordenação entre os esforços respiratórios do paciente e os ciclos de ventilação do ventilador, resultando em uma série de desafios clínicos e potenciais complicações.1,2
Estudos em adultos ventilados mecanicamente demonstraram que a APV está associada a uma série de desfechos adversos, incluindo:2,3
- uso prolongado de sedativos;
- aumento da duração da VM;
- maior tempo de permanência na unidade de terapia intensiva;
- aumento da mortalidade.
No entanto, as evidências sobre APV em crianças são limitadas, e há uma necessidade urgente de compreender melhor esse fenômeno em pacientes pediátricos.2,3
Este capítulo tem como objetivo explorar, em detalhes, a APV em crianças ventiladas mecanicamente. São abordados a prevalência, os tipos e os fatores de risco associados à APV em pacientes pediátricos, bem como suas implicações clínicas. Além disso, são discutidos os desafios no diagnóstico e no manejo da APV em crianças, incluindo estratégias para otimizar a sincronização paciente–ventilador e minimizar seus efeitos adversos. Ao abordar esse importante aspecto da assistência respiratória em pediatria, os autores deste capítulo esperam contribuir para uma melhor compreensão e gestão da APV, visando a melhorar os resultados clínicos e a segurança dos pacientes pediátricos ventilados mecanicamente.