Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- Definir e diferenciar os sinais e sintomas agudos e tardios da COVID-19.
- Estabelecer os principais métodos e ferramentas de avaliação para avaliar a funcionalidade e os sintomas musculoesqueléticos relacionados à COVID-19.
- Proporcionar adequada abordagem terapêutica à população com sintomas e disfunções musculoesqueléticas decorrentes da COVID-19.
Esquema conceitual
Introdução
A COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, pode apresentar-se de forma variada, desde quadros de infecções assintomáticas ou com poucos sintomas até casos com manifestações graves.1 A manifestação da forma grave da doença tem sido associada à presença de alguns fatores de risco, como idade acima de 60 anos, doenças crônicas de origem pulmonar, cardíaca, metabólica e imunológica, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito (DM).2
Além disso, a forma grave da COVID-19 geralmente ocorre devido à presença de pneumonia, que pode levar à síndrome da angústia respiratória (SRAG), à necessidade de suporte ventilatório por desconforto respiratório agudo e à internação prolongada.3 Indivíduos hospitalizados por COVID-19 também podem apresentar fadiga, dispneia, dores torácica, articular e muscular, sintomas estes que podem persistir após a internação hospitalar e repercutir na qualidade de vida.2
Somadas a esses sintomas, a necessidade de internação prolongada, a ventilação mecânica (VM) e a restrição ao leito podem levar ao desenvolvimento de fraqueza muscular, com repercussão na capacidade funcional pós-internação. Além disso, em sobreviventes da COVID-19, as alterações inflamatórias pulmonares causadas pela pneumonia viral podem causar fibrose pulmonar, que também pode levar à limitação funcional a longo prazo.4 Dessa maneira, a realização de reabilitação precoce com seguimento durante e após a internação hospitalar é essencial para a prevenção e o tratamento das sequelas funcionais após a COVID-19.5
Apesar dos casos mais graves apresentarem maiores repercussões funcionais, tem sido observado que mesmo casos leves da doença têm ocasionado sequelas a longo prazo.6 No entanto, dada a recente situação de pandemia e emergência global, nem todas as repercussões a longo prazo ainda são conhecidas. Devido ao grande número de indivíduos acometidos e à potencial necessidade de reabilitação, é preciso conhecer as principais alterações funcionais causadas pela COVID-19 por meio de uma avaliação detalhada para reabilitação e seguimento adequados.