Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- explicar os principais conceitos e definições relacionados ao comportamento suicida;
- discutir mitos comuns relativos ao suicídio;
- distinguir terminologias atualizadas daquelas que devem ser evitadas;
- explicar o que se sabe a respeito de fatores de risco e de proteção;
- resumir os principais modelos explicativos do comportamento suicida;
- analisar os elementos centrais da avaliação do risco de suicídio;
- identificar as estratégias básicas para o tratamento do comportamento suicida.
Esquema conceitual
Introdução
O comportamento suicida é uma questão de extrema gravidade, refletindo uma complexa interação de fatores biológicos, sociais e psicológicos. Sua prevalência e seu impacto devastador nas vidas dos indivíduos, de suas famílias e das comunidades sublinham a urgência de abordagens eficazes para sua prevenção e seu tratamento. Para os terapeutas, a capacitação na avaliação e no manejo do comportamento suicida é crucial por diversos motivos. Primeiramente, permite a identificação precoce de sinais e sintomas de risco, facilitando intervenções oportunas que podem contribuir para prevenir mortes por suicídio. Além disso, terapeutas bem treinados estão mais aptos a criar um ambiente de apoio e confiança, em que os pacientes se sintam seguros para discutir seus pensamentos e sentimentos mais desafiadores. Isso é essencial, considerando que muitas vezes o estigma associado à saúde mental e ao suicídio pode inibir indivíduos de buscarem ajuda. A capacitação também instrumentaliza os terapeutas com ferramentas e estratégias específicas para lidar com a complexidade do comportamento suicida, permitindo que eles ofereçam cuidados mais efetivos e personalizados, reduzindo, assim, o risco de suicídio e promovendo a recuperação e o bem-estar do paciente.
Tendo isso em vista, a proposta deste capítulo é fazer um apanhado das principais recomendações clínicas baseadas em evidências para avaliar e manejar o comportamento suicida. Em um primeiro momento, o leitor encontrará conceitos e definições fundamentais acerca do assunto, seguidos da descrição de terminologias apropriadas e inapropriadas e do questionamento de mitos comuns sobre o suicídio. Na sequência, são apresentados dados epidemiológicos sobre o comportamento suicida no Brasil e no mundo, bem como uma discussão a respeito dos fatores de risco e de proteção. Também são descritas as principais bases do suicídio, em suas perspectivas biológicas, sociais e psicológicas. Por fim, estratégias detalhadas de avaliação e manejo são apresentadas para ajudar a instrumentalizar o leitor a partir de boas práticas recomendadas pela literatura científica.