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ESQUEMAS POSITIVOS: UM CAMINHO DA TERAPIA DO ESQUEMA NA DIREÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL

Autores: Renata Ferrarez Fernandes Lopes, Emyli de Sousa Soares
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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • compreender as necessidades emocionais básicas atendidas e o papel da parentalidade positiva;
  • elencar os principais esquemas positivos (EPs);
  • avaliar os EPs por meio do Questionário de esquemas positivos de Young (em inglês, Young Positive Schema Questionnaire [YPSQ]);
  • resumir os estudos brasileiros do YPSQ.

Esquema conceitual

Introdução

Os estudos no campo da psicologia são moldados pelo Zeitgeist, ou seja, pelo clima intelectual de uma época.1 Pesquisas sobre questões psicológicas evoluem de acordo com as necessidades da sociedade.2 No período pós-guerra, a investigação e a prática psicológicas concentraram-se, principalmente, nas perturbações psicológicas dos indivíduos. Como resultado, observou-se um enorme avanço na avaliação, na compreensão e no tratamento de doenças mentais.3

Entretanto o enfoque voltado para a doença psíquica não foi o único. No século XX, muitos psicólogos focalizaram os aspectos saudáveis da psiquê. Carl Jung, por exemplo, ao descrever o processo de individuação, Gordon Allport, ao discutir a noção de maturidade do self, Carl Rogers, ao apresentar o conceito de pessoa em seu funcionamento pleno (autoatualização para atingir a plenitude de seu potencial) etc.

Foi a psicologia positiva (PP) que transformou a perspectiva psicopatológica tradicional. O movimento da PP surgiu como uma resposta às limitações das abordagens psicológicas em focalizar as psicopatologias. Com a PP, a investigação e as práticas psicológicas ampliaram seu foco interessando-se pelos atributos positivos dos indivíduos na vida quotidiana. A PP abrange o estudo das condições e dos processos que contribuem para o desenvolvimento e o funcionamento ideal de indivíduos, grupos e organizações.4

Louis e colaboradores5 esclarecem que os esquemas iniciais adaptativos (EIAs) são conhecidos coloquialmente como EPs, e os esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) como esquemas negativos. Como a literatura em terapia do esquema (TE) tem firmado a nomenclatura EPs, ela será adotada neste capítulo. Os EPs são esquemas iniciais (representações personalizadas saudáveis de si, do outro e do mundo), que se desenvolvem durante a infância e evoluem à medida que os indivíduos crescem e amadurecem cognitiva e afetivamente.

Os EPs são vistos como estruturas potentes que contribuem para melhorar a funcionalidade e o bem-estar na idade adulta.6 Eles surgem de necessidades emocionais básicas atendidas na relação entre pais e filhos. Segundo Louis e colaboradores,7 o interesse pelo desenvolvimento dos EPs e como medi-los no campo da TE é consistente com o desenvolvimento mais amplo no campo da PP clínica.

Segundo Özdoğan,8 que realizou um estudo bibliométrico sobre o conceito de EP, os dados obtidos para todas as publicações sobre EPs no período de 1999 a 2023, na base de dados Web of Sciency (WoS), indicaram 2.135 ocorrências. Os tipos mais comuns de publicações relacionadas a EPs são artigos (1.790), seguidos de resumos em anais (241) e capítulos de livros (14). Outra constatação obtida na pesquisa foi que os campos de estudo, mais comuns das publicações sobre EPs, são psicologia clínica, psiquiatria, psicologia multidisciplinar e psicologia social.

O mesmo autor destaca que existem estudos sobre EPs em um total de 90 países ao redor do mundo. Dentre esses, verifica-se que os Estados Unidos são o país com maior número de estudos sobre EPs (n = 782), seguido pelo Reino Unido (n = 206), Canadá (149), China (149) e Alemanha (144). Além disso, destaca que os EUA são o país com maior número de publicações no campo da PP. Aparentemente, o interesse por EPs parece estar direta ou indiretamente relacionado ao campo da PP e suas interfaces com a TE.8

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