Objetivos
Ao final da leitura desse capítulo, o leitor será capaz de
- descrever a importância da correlação entre os métodos de imagem e o quadro clínico da artrite reumatoide (AR) no diagnóstico da doença;
- identificar quais achados diagnósticos podem ser vistos na radiografia, na ultrassonografia (USG) e na ressonância magnética (RM);
- avaliar qual o melhor método de imagem a ser solicitado na avaliação de lesões precoces e tardias da patologia;
- descrever as vantagens e desvantagens de cada método de imagem.
Esquema conceitual
Introdução
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, sistêmica, autoimune, de patogênese complexa e multifatorial, que implica a destruição óssea e cartilaginosa, com limitação funcional importante em longo prazo. A prevalência estimada é de 1 a 2% da população mundial, acometendo geralmente adultos entre 30 e 50 anos de idade, e apresenta predileção pelo sexo feminino em detrimento ao sexo masculino (2:1), sendo influenciada por fatores genéticos (como alelo HLA-DR1 ou HLA-DR4) e ambientais (agentes infecciosos ou tabagismo).1
O principal sítio do processo patológico é a sinóvia, com acometimento das articulações sinoviais e bainhas tendíneas. O processo inicia-se após um fator desencadeante, supostamente autoimune ou infeccioso, com angiogênese e hipervascularização e sequente formação de pannus, que corrobora como um importante mecanismo que leva à destruição articular, cartilaginosa e óssea durante a progressão da doença.2 Desse modo, a proliferação sinovial é um achado precoce no curso da AR que pode ser visualizado antes da destruição cartilaginosa ou óssea irreversível, sendo configurada como uma importante janela de oportunidade para prevenção e tratamento precoce a um dano estrutural irreversível.2,3
O diagnóstico da AR é eminentemente clínico, sendo que a associação com exames laboratoriais, histológicos e de imagem pode ser utilizada para auxiliar nessa confirmação, na determinação do prognóstico e no acompanhamento da doença.2,3
Classicamente, descreve-se a AR como uma poliartrite, simétrica, aditiva, principalmente de pequenas articulações, mas que, em comum, acomete as grandes, caracterizada de forma clínica por surtos e remissões.3
Na fase precoce da doença, há acometimento preferencial de punhos e pequenas articulações das mãos e dos pés, como as metacarpofalângicas (MCF), metatarsofalângicas (MTF) e interfalângicas proximais (IFP). Ao longo do tempo, torna-se cada vez mais frequente o acometimento de uma grande articulação. Das grandes articulações, o ombro é o envolvido com mais frequência, seguido do cotovelo, do quadril e do joelho, sendo as erosões marginais e a rarefação óssea periarticular as lesões mais presentes nessas regiões.3 Diversos métodos de imagem são utilizados na avalição da AR, três são os mais utilizados atualmente, e são eles: a radiografia convencional, a ultrassonografia (USG) e a ressonância magnética (RM).4
Cada procedimento de imagem apresenta vantagens na indicação conforme alguns fatores, como a área a ser avaliada (osso, partes moles), o tipo de lesão (edema, sinovite, erosões), o tempo de progressão da doença, o prognóstico, o acompanhamento da atividade da doença e a evolução do tratamento.4