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CÂNCER COLORRETAL

Autor: Marcelo Corassa
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  • Introdução

O câncer colorretal (CCRcâncer colorretal) é uma doença extremamente prevalente em países desenvolvidos, incluindo o Brasil. Nos Estados Unidos, a incidência é próxima a cerca de 150 mil casos por ano, sendo, no país, a segunda causa de morte, sem grande distinção entre os sexos.1 Parece haver uma relação inversamente proporcional entre desenvolvimento econômico e incidência, inclusive com redução da incidência nos últimos cinco anos nos Estados Unidos.2

No Brasil, as estatísticas epidemiológicas do CCRcâncer colorretal são do INCA, demonstrando números semelhantes aos dos Estados Unidos, embora a estatística não seja tão fidedigna.3 Estimam-se , em 2016, 16.660 casos novos de CCRcâncer colorretal em homens e 17.620 casos novos em mulheres. É mais comum em regiões com maior índice de desenvolvimento, sendo a segunda neoplasia nessas regiões, por sexo (terceira no geral, atrás de próstata e mama feminina).

Estudos epidemiológicos demonstraram a confirmação do que já se esperava como principais fatores de risco para CCRcâncer colorretal. O componente ambiental tem grande papel na carcinogênese, com relação direta com a ingesta excessiva de gorduras e indireta com a ingesta de fibras. O consumo de álcool e tabaco também está ligado ao aumento do risco relativo de CCRcâncer colorretal, assim como obesidade, sedentarismo e ingesta excessiva de calorias.4-6

Trata-se de condição predominantemente esporádica, com formas familiares responsáveis por uma pequena parcela extremamente característica de pacientes portadores de CCRcâncer colorretal.7 As duas principais formas são a polipose adenomatosa familiar (FAPpolipose adenomatosa familiar) e a síndrome de Lynch (ou síndrome de carcinoma colorretal não polipose hereditário). São síndromes biologicamente distintas, porém que cursam com risco muito aumentado de neoplasia.

A FAPpolipose adenomatosa familiar leva a 100% de risco de desenvolvimento de CCRcâncer colorretal, caracterizando-se pela formação de grande quantidade de pólipos colônicos.

A síndrome de Lynch não se caracteriza pela formação de pólipos, está relacionada a outros tipos de neoplasia e tem risco alto, porém não de 100% de desenvolvimento de CCRcâncer colorretal.8 Considerando que a forma esporádica corresponde a mais de 90% dos CCRcâncer colorretals, as formas familiares não serão abordadas neste artigo.

LEMBRAR

As alterações genéticas relacionadas ao CCRcâncer colorretal são semelhantes, a despeito de se tratar de formas familiares ou esporádicas.

Os eventos até o desenvolvimento da neoplasia ocorrem ao longo de anos, na chamada sequência adenoma-carcinoma. Desde o epitélio normal ocorrem alterações genéticas até a formação de um adenoma, considerada uma lesão pré-neoplásica. Caso não seja realizada prevenção adequada com colonoscopia, o adenoma continua a acumular alterações genéticas até desenvolver as características invasivas que caracterizam uma neoplasia maligna.9

A formação de um adenoma inicial leva décadas, até formar a lesão primária, que tende a receber mais mutações até gerar um adenoma tardio, com maior quantidade de mutações específicas, até poder gerar uma neoplasia inicial, cuja agressividade é dependente do acúmulo de mais alterações gênicas.

Um pequeno resumo das alterações genéticas que levam a formação do CCRcâncer colorretal pode ser visto na Figura 1 a seguir.

Figura 1 – Principais mutações frequentes na sequência adenoma-carcinoma.

Fonte: Arquivo de imagens do autor.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer conceitos básicos sobre a biologia e a epidemiologia do CCRcâncer colorretal;
  • identificar fatores de risco relacionados a métodos de diagnóstico e prevenção do CCRcâncer colorretal;
  • distinguir entre a biologia e as características das neoplasias de cólon e de reto, da doença localizada e da doença metastática;
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  • estabelecer o estadiamento de um CCRcâncer colorretal;
  • identificar preceitos básicos para o tratamento cirúrgico inicial do CCRcâncer colorretal;
  • reconhecer os conceitos de neoadjuvância, adjuvância e de tratamento sistêmico do CCRcâncer colorretal;
  • identificar os principais aspectos sobre quimioterapia e os principais esquemas de tratamento para pacientes com CCRcâncer colorretal.
  • Esquema conceitual
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