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COMPARAÇÃO ENTRE CÂNULA NASAL DE ALTO FLUXO E PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA NAS VIAS AÉREAS NASAL

Ana Paula de Almeida Perié

Guilherme Mendes Sant’Anna

Christieny Chaipp Mochdece

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  • Introdução

Os recém-nascidos pré-termo (RNPTrecém-nascido pré-termos) apresentam um sistema respiratório imaturo e com instabilidade da caixa torácica, o que facilita o colapso das vias aéreas e dos pulmões, podendo levar à falência respiratória rapidamente. Em virtude disso, na grande maioria das vezes, eles necessitam de suporte respiratório logo após o nascimento, que pode ser invasivo, por meio da intubação endotraqueal seguida de ventilação mecânica (VMventilação mecânica) ou não invasiva (VNIventilação mecânica não invasiva) — cada vez mais utilizado em RNs com respiração espontânea logo após o nascimento ou como suporte respiratório após extubação.1,2

Nos últimos anos, muitos estudos clínicos testaram diferentes tipos de suporte respiratório não invasivo, nas mais variadas condições clínicas, com o objetivo final de analisar os benefícios para o RN.

O suporte respiratório não invasivo pode trazer os seguintes benefícios fisiológicos:3–5

 

  • aumento da capacidade residual funcional (CRFcapacidade residual funcional);
  • estabilização alveolar e da caixa torácica;
  • aumento do volume pulmonar;
  • melhora das trocas gasosas e da oxigenação;
  • melhora da complacência pulmonar.

Quando usado com sucesso, o suporte respiratório não invasivo diminui a necessidade de VMventilação mecânica e, consequentemente, as complicações relacionadas ao seu uso.6

Os sistemas de cânulas nasais padrões utilizam gases aquecidos e umidificados inadequadamente, o que limita o seu uso, pois o ar frio e seco pode causar lesões da mucosa nasal e infecções nosocomiais.7 Dessa forma, foram desenvolvidos sistemas de cânulas nasais em que o fluxo de ar é aquecido e umidificado adequadamente e pode ser utilizado em altas taxas (>2lpm).8 De fato, alguns estudos observacionais e retrospectivos sugeriram que a cânula nasal de alto fluxo (CAFcânula nasal de alto fluxo) poderia ser utilizada de forma efetiva e segura como suporte ventilatório não invasivo, no manejo de RNPTrecém-nascido pré-termos com desconforto respiratório ou após a extubação.

A partir da última década, o uso da CAFcânula nasal de alto fluxo começou a aumentar significativamente nas unidades de tratamento intensivo neonatais (UTINunidade de tratamento intensivo neonatals) em todo os Estados Unidos e ao redor do mundo.9 Uma enquete realizada em 2015 mostrou que aproximadamente 25% das UTINunidade de tratamento intensivo neonatals do Canadá têm protocolo para uso de CAFcânula nasal de alto fluxo.10 Esse dado foi semelhante ao descrito anteriormente na Austrália e na Nova Zelândia, onde 24% das UTINunidade de tratamento intensivo neonatals de nível terciário usam o tratamento com CAFcânula nasal de alto fluxo em aproximadamente 60% dos RNPTrecém-nascido pré-termos abaixo de 30 semanas.11 É interessante notar que essa popularidade foi atingida antes mesmo da realização de estudos clínicos controlados e randomizados que avaliaram a eficácia e a segurança de seu uso em RNPTrecém-nascido pré-termos.12

Neste artigo, serão comparados dois tipos de suportes respiratórios não invasivos comumente utilizados na prática clínica — a CAFcânula nasal de alto fluxo, que se tornou muito popular nos últimos anos,13 e a pressão positiva contínua nas vias aéreas nasal (CPAPn, do inglês continue positive airway pressure nasal), que já é usada na prática clínica há mais de 40 anos.14,15 A leitura traz uma atualização a respeito da CAFcânula nasal de alto fluxo e do CPAPn, abordando definição, instalação e manutenção dos sistemas, mecanismos de ação, indicações clínicas, vantagens e desvantagens.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:

 

  • identificar as diferenças fundamentais entre CAFcânula nasal de alto fluxo e CPAPn e o processo de instalação/manutenção de ambas as modalidades;
  • reconhecer os mecanismos de ação e as indicações clínicas da CAFcânula nasal de alto fluxo e CPAPn;
  • avaliar os riscos e benefícios da CAFcânula nasal de alto fluxo e do CPAPn;
  • reconhecer as falhas terapêuticas de cada modalidade.
  • Esquema conceitual
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