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COMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA

Autores: Letícia Dinis da Costa Braga, Priscila Alves Medeiros de Sousa, Lívia Lugarinho Corrêa de Mello
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  • Introdução

A obesidade é uma doença crônica cuja prevalência vem aumentando em proporções epidêmicas. A de grau 3, definida como um índice de massa corporal (IMCíndice de massa corporal) maior ou igual a 40 kg/m2, acompanha essa tendência, atingindo 6,8% da população mundial.1

No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que as taxas de obesidade triplicaram desde o ano de 1974.2

A cirurgia bariátrica (CBcirurgia bariátrica) é o tratamento mais eficaz para tratar a obesidade grave. A seleção de possíveis candidatos para o procedimento baseia-se, essencialmente, nas recomendações dadas no ano de 1991 pelo National Institute of Health (NIHNational Institute of Health).3 Nesse consenso ficou estabelecido que os dois critérios de elegibilidade para a CBcirurgia bariátrica seriam os seguintes:

 

  • pacientes com IMCíndice de massa corporal de 40 kg/m2 ou mais;
  • pacientes com IMCíndice de massa corporal de 35 kg/m2 ou mais e que apresentam pelo menos uma comorbidade associada com a obesidade, sempre que seja comprovado o insucesso do tratamento clínico realizado anteriormente.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFMConselho Federal de Medicina), por meio da Resolução de 2010, segue os critérios propostos pelo NIHNational Institute of Health para realização da CBcirurgia bariátrica.4 A idade mínima para o procedimento é de 16 anos e não há uma idade máxima estabelecida, devendo ser considerados o risco cirúrgico e o risco-benefício do paciente.4

Recentemente, o CFMConselho Federal de Medicina aumentou o rol de comorbidades para indicação de CBcirurgia bariátrica em pacientes com IMCíndice de massa corporal entre 35 e 40 kg/m2. Assim, além de diabetes melito tipo 2 (DM2), apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária e osteoartrites, na nova Resolução, consta a inclusão de5

 

  • osteoartrose;
  • hérnia discal;
  • disfunção erétil;
  • esteatose hepática;
  • colecistopatia calculosa;
  • doenças cardiovasculares;
  • asma grave não controlada;
  • pancreatite aguda de repetição;
  • infertilidade masculina e feminina;
  • estigmatização social e depressão;
  • hipertensão intracraniana idiopática;
  • veias varicosas e doença hemorroidária;
  • síndrome dos ovários policísticos (SOPsíndrome dos ovários policísticos);
  • incontinência urinária de esforço na mulher;
  • refluxo gastresofágico com indicação cirúrgica.

Não há consenso com relação às contraindicações para a CBcirurgia bariátrica. No entanto, admite-se que o elevado risco cirúrgico, a dependência ao álcool ou a substâncias ilícitas e doenças psiquiátricas graves são fatores que contraindicam a cirurgia.

A CBcirurgia bariátrica baseia-se em uma mudança anatômica do trato gastrintestinal, que pode ser6

 

  • restritiva — é criado um pequeno reservatório gástrico (por exemplo, banda gástrica, gastrectomia vertical ou sleeve gastrectomy [SGsleeve gastrectomy]);
  • disabsortiva — consiste no desvio de segmentos do intestino delgado, o qual provoca diminuição de absorção de alimentos (por exemplo, derivação biliopancreátrica [DBPderivação biliopancreátrica], cirurgia de Scopinaro ou derivação biliopancreátrica com desvio duodenal — em inglês, duodenal switch [DSdesvio duodenal]);
  • mista — são utilizados os dois mecanismos supracitados (por exemplo, bypass gástrico em Y de Roux [BGYRbypass gástrico em Y de Roux] ou cirurgia de Fobi-Capella).

A CBcirurgia bariátrica pode ser executada por laparotomia ou, de preferência, por videolaparoscopia, técnica que mais cresce no mundo.7

Independentemente da técnica adotada, a CBcirurgia bariátrica cursa com alterações nutricionais importantes. Muitas dessas deficiências estão presentes no paciente no período pré-operatório, porém são detectadas somente após a CBcirurgia bariátrica.6

As deficiências nutricionais são múltiplas e devem ser rapidamente reconhecidas e tratadas, pois podem evoluir e provocar complicações clínicas graves. A suplementação de vitaminas e minerais exige o acompanhamento do paciente a longo prazo, sendo um dos grandes obstáculos no pós-operatório.6 Os procedimentos disabsortivos e os procedimentos mistos, em geral, apresentam maior propensão ao desenvolvimento dessas carências nutricionais.8

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • identificar e tratar as principais complicações nutricionais que os pacientes submetidos à CBcirurgia bariátrica podem apresentar;
  • avaliar as situações especiais que expõem os pacientes que passaram por uma CBcirurgia bariátrica a um risco maior de complicações nutricionais.

 

  • Esquema conceitual
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