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GLIFLOZINAS — PRINCÍPIOS DE UTILIZAÇÃO EM PACIENTES COM DIABETES MELITO

Autores: Amanda Veiga Cheuiche, Sofia Michele Dick , Sandra Pinho Silveiro, Marina de Queiroz
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  • Introdução

A dosagem da hemoglobina glicada (HbA1chemoglobina glicada) reflete a glicemia média dos últimos 3 meses e possui valor preditivo robusto para as complicações crônicas micro e macrovasculares do diabetes melito (DMdiabetes melito).1,2 Pacientes com DMdiabetes melito tipo 2 (DM2diabetes melito tipo 2) devem realizar a avaliação da HbA1chemoglobina glicada a cada 6 meses, se estáveis e compensados do ponto de vista glicêmico, ou mais frequentemente, a cada 3 meses, se descompensados.

As recomendações são de que a HbA1chemoglobina glicada alvo seja menor que 7% para adultos não gestantes. Níveis mais rígidos de HbA1chemoglobina glicada — 6,5% — podem ser sugeridos para determinados tipos de pacientes, como aqueles com curta duração do DMdiabetes melito, com elevada expectativa de vida e ausência de doença cardiovascular (DCVdoença cardiovascular) grave.3níveis menos rigorosos de HbA1chemoglobina glicada — da ordem de 8% — são mais apropriados para indivíduos com história de hipoglicemia grave, com expectativa de vida limitada ou com complicações micro/macrovasculares avançadas.3

No caso dos pacientes com DM2diabetes melito tipo 2, sempre que estiverem fora do alvo glicêmico definido para a sua condição, é necessário reforçar a necessidade de serem adotadas modificações de estilo de vida, com cumprimento rigoroso da atividade física e com adesão a uma dieta hipocalórica. Em paralelo, e de acordo com o grau de descompensação glicêmica do paciente, os fármacos anti-hiperglicêmicos devem ser prescritos em sequência ou em combinação.4

A metformina (MTFmetformina) é o primeiro fármaco a ser considerado em monoterapia no tratamento do DM2diabetes melito tipo 2, já que é segura, barata, promove redução de peso e tem benefício cardiovascular — conforme o estudo United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS). No entanto, em caso de HbA1chemoglobina glicada igual a ou maior que 10%, deve ser indicado o uso inicial de insulina subcutânea, especialmente se o paciente estiver muito sintomático e apresentando perda de peso.

Por sua vez, para HbA1chemoglobina glicada igual a ou maior que 9%, deve ser indicada a terapia dupla, incluindo a MTFmetformina e mais um agente, que pode ser do grupo das sulfonilureias, tiazolidinedionas, agonistas do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (em inglês, glucagon-like peptide 1 [GLP-1agonistas peptídeo semelhante ao glucagon 1]), inibidores da dipeptidil peptidase IV (iDPP-IVinibidores da dipeptidil peptidase IV), insulina ou inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (em inglês, sodium-glucose cotransporter 2 inhibitors [iSGLT2inibidores do cotransportador sódio-glicose 2]). Em 3 meses de tratamento, se ainda não foi atingido o controle glicêmico, procede-se à combinação de um terceiro agente entre esses.

Os iSGLT2inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 conformam a classe de agentes mais recentemente desenvolvida e aprovada para o tratamento do DM2diabetes melito tipo 2. Esses agentes reduzem a glicemia por meio do bloqueio da reabsorção de glicose no túbulo proximal.

Como o mecanismo de ação dos iSGLT2inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 é independente da ação da insulina, eles podem ser eficazes em qualquer estágio da doença (sem influenciar a função das células β e o grau de resistência insulínica) e em combinação com outras classes de agentes terapêuticos.

Uma das vantagens dos iSGLT2inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 é que eles podem promover redução de peso e de pressão arterial (PApressão arterial) e trazer benefícios renais e cardiovasculares únicos. Os representantes do grupo das gliflozinas aprovados para tratamento do DM2diabetes melito tipo 2 são a dapagliflozina, a canagliflozina e a empagliflozina.

  • Objetivos

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

  • reconhecer os representantes da classe de anti-hiperglicêmicos gliflozinas e seus mecanismos de ação;
  • instituir a posologia e a possibilidade de combinação das gliflozinas com outros agentes anti-hiperglicêmicos;
  • distinguir as indicações e as contraindicações das gliflozinas e seus efeitos adversos;
  • identificar o efeito benéfico das gliflozinas sobre o controle glicêmico e a repercussão sobre desfechos renais e cardiovasculares.

 

  • Esquema conceitual
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