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COMPULSÃO SEXUAL: DIAGNÓSTICO, PSICOTERAPIA DE DESSENSIBILIZAÇÃO E REPROCESSAMENTO POR MEIO DO MOVIMENTO OCULAR E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO

Arnaldo Barbieri Filho

Ana Maria Zampieri

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Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • definir transtorno da compulsão sexual;
  • definir parafilias e transtornos parafílicos (TPs);
  • observar a importância das comorbidades, atentando-se aos diagnósticos de possíveis outros transtornos sexuais, doenças psiquiátricas ou físicas;
  • reconhecer a importância do tratamento psicoterápico de dessensibilização e reprocessamento por meio do movimento ocular (EMDR, do inglês, eye movement desensitization and reprocessing);
  • reconhecer medicações utilizadas em casos de compulsão sexual;
  • atentar ao fato de que medicações utilizadas para compulsão sexual podem piorar uma disfunção sexual antes já existente ou até mesmo causar uma nova;
  • identificar articulações teórico-clínicas nos casos clínicos 1 e 2 apresentados.

Esquema conceitual

Introdução

O transtorno da compulsão sexual, também chamado de transtorno do impulso sexual excessivo, transtorno hipersexual, apetite sexual excessivo, satiríase ou ninfomania, é classificado como um transtorno sexual na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde — 10ª edição (CID-10). Porém, na CID-11, entra no capítulo dos transtornos de impulsos, e não da sexualidade.1

A CID-11 define o quadro de transtorno da compulsão sexual como persistente, caracterizado por inabilidade em controlar os impulsos e excitações sexuais intensas e repetitivas, resultando em comportamento sexual recorrente.

O padrão de transtorno da compulsão sexual manifesta-se por um extenso período (6 meses ou mais), afetando negativamente as áreas de funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo.2

Durante a elaboração do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno da compulsão sexual foi definido como transtorno no qual, nos últimos seis meses, o indivíduo tem fantasias sexuais intensas e recorrentes, fortes desejos e comportamentos em associação com quatro ou mais dos seguintes itens:1

 

  • tempo excessivo consumido por fantasias e impulsos sexuais, planejando e se envolvendo em comportamento sexual;
  • engajamento repetitivo em fantasias, impulsos e comportamentos sexuais em resposta a estados de humor disfóricos;
  • engajamento repetitivo em fantasias, impulsos e comportamentos sexuais em resposta a eventos penosos da vida;
  • esforços repetitivos, porém, malsucedidos para controlar ou reduzir fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais;
  • engajamento repetitivo em comportamento sexual, ao mesmo tempo desconsiderando o risco de dano físico ou emocional a si e aos outros.

Deve haver sofrimento pessoal ou prejuízo clinicamente significativo em áreas importantes do funcionamento associado a frequência e intensidade das fantasias, impulsos e comportamentos sexuais. No entanto, o transtorno hipersexual não foi incluído na versão final do DSM-5.1

A compulsão sexual pode se manifestar como masturbação excessiva, cybersex, uso de pornografia, sexo com parceiros adultos consensuais, sexo por telefone, visitas a clubes de striptease ou outros comportamentos.3

Por outro lado, parte dos compulsivos sexuais pode apresentar também Transtornos Parafílicos (TPs).

As parafilias são definidas pelo DSM-5 como qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele voltado para estimulação genital ou carícias preliminares com parceiros humanos capazes de consentir, que tenham fenótipo normal e maturidade física. Tal quadro deve existir por pelo menos seis meses. Já os TPs são definidos quando o indivíduo tem uma parafilia e coloca em prática esses impulsos sexuais com uma pessoa que não consentiu ou é incapaz de dar consentimento, ou esses impulsos/fantasias sexuais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento pessoal, profissional ou em outras áreas importantes da vida desse indivíduo.4

Os Transtornos Parafílicos (TPs) são classificados no capítulo de transtornos sexuais do DSM-5, e os principais são:5

 

  • transtorno voyeurista;
  • transtorno exibicionista;
  • transtorno frotteurista;
  • transtorno do masoquismo sexual;
  • transtorno do sadismo sexual;
  • transtorno pedofílico;
  • transtorno fetichista;
  • transtorno transvéstico.

Além das principais, existem mais de 500 parafilias catalogadas.5

As parafilias não são consideradas doenças e, portanto, não necessitam de tratamento. Os TPs, no entanto, precisam ser tratados, pois podem inclusive constituir atos criminosos.6–8

Assim, o transtorno da compulsão sexual pode ocorrer com ou sem parafilias. Por gerar sofrimento, demanda tratamento.9

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