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CONDIÇÕES CRÔNICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DO CUIDADO

Thais Raquel Pires Tavares

Lorrainy da Cruz Solano

Lucas Pereira de Melo

epub-BR-PROENF-APS-C10V4_Artigo

Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

 

  • organizar o processo de trabalho com foco na atenção de pessoas com doenças crônicas na Atenção Primária à Saúde (APS);
  • explicar a recepção e o acolhimento, a programação da assistência, o uso de diretrizes clínicas baseadas em evidência e a estratificação segundo risco como estratégias metodológicas para aperfeiçoar a atenção à saúde na APS;
  • utilizar a clínica ampliada na gestão de casos clínicos complexos e com alto nível de estratificação de risco;
  • planejar e executar a gestão da clínica a partir de metodologias como o projeto terapêutico singular, grupos Balint-Paidéia, reunião de equipe e atividades educativas em grupo.

Esquema conceitual

Introdução

O século XXI tem trazido transformações em diversos setores da sociedade. Entre essas transformações, podem ser destacadas as mudanças no perfil epidemiológico e o aumento da expectativa de vida da população, fatos que vêm se construindo historicamente desde as últimas décadas do século passado.1 Na perspectiva clínica e epidemiológica, as doenças crônicas não transmissíveis incluem as seguintes características:2

 

  • história natural prolongada;
  • multiplicidade de fatores de risco complexos;
  • interação de fatores etiológicos conhecidos e desconhecidos;
  • causa necessária desconhecida;
  • especificidade de causa desconhecida;
  • ausência de participação ou participação duvidosa de microrganismos entre os determinantes;
  • longo período de latência;
  • longo curso assintomático;
  • curso clínico em geral lento, prolongado e permanente;
  • manifestações clínicas com períodos de remissão e exacerbação;
  • lesões celulares irreversíveis;
  • evolução para graus variados de incapacidade ou morte.

Ao contrário das doenças infecciosas, que geralmente declinam com o crescimento econômico da população, os riscos de doenças crônicas aumentam com altos níveis de educação e renda. Além disso, tais condições clínicas compartilham os principais fatores de risco, que são:3

 

  • uso de tabaco;
  • dieta inadequada;
  • sedentarismo;
  • consumo de álcool.

As doenças crônicas não transmissíveis constituem um problema de saúde pública de dimensão global. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2019, essas doenças somaram 73,6% das mortes em todo o mundo. Já no Brasil, no mesmo ano, as doenças crônicas foram responsáveis por 41,8% das mortes prematuras, ou seja, entre pessoas com 30 a 69 anos de idade.4

Os números apresentados repercutem no modo como as pessoas acometidas por condições crônicas se relacionam (ou não) com os serviços de saúde na APS. Devido à impossibilidade de cura e à existência de crises e complicações em longo prazo decorrentes dessas enfermidades, as pessoas demandam cuidados em saúde continuados, de modo que a relação entre o(a) usuário(a) e a equipe se dá com maior frequência. Se, por um lado, esse contato e relação contribuem para produzir e refinar o vínculo, por outro, apresenta para ambos os lados os desafios e as dificuldades próprias de uma relação que se alonga no tempo.

Neste capítulo são apresentadas algumas atividades, metodologias e ferramentas com vistas à reorganização do processo de trabalho e da gestão da clínica voltadas à atenção à saúde de pessoas que vivem com doenças crônicas no contexto da APS.

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