Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- avaliar a epidemiologia do carcinoma bem diferenciado de tireoide (CBDT);
- realizar o diagnóstico e o estadiamento do CBDT;
- classificar as diferentes opções de tratamento cirúrgico disponíveis e adequá-las à estratificação de risco;
- discutir e indicar as terapias pós-cirúrgicas disponíveis;
- manejar o acompanhamento clínico a longo prazo com foco nos pontos-chave de decisão.
Esquema conceitual
Introdução
O câncer de tireoide é considerado a neoplasia maligna endócrina mais comum. O CBDT tem origem nas células epiteliais foliculares e responde por, aproximadamente, 90% dos casos de tumores malignos da tireoide. Os outros 10% correspondem aos carcinomas medulares pouco diferenciados e aos indiferenciados. Dentre os carcinomas bem diferenciados (CBDs), os papilíferos representam 85% dos casos, e os foliculares, 15%, incluindo a variante de células oncocíticas, o carcinoma das células de Hürthle (CCH).
Nos últimos 30 anos, a incidência de câncer de tireoide, nos Estados Unidos da América (EUA), praticamente triplicou. Esse padrão, que pode ser visto em todo o mundo, incluindo o Brasil, deve-se à melhor qualidade e à diversificação dos exames de imagem, assim como seu uso mais rotineiro associado, frequentemente, à punção por agulha fina para realização de citologia diagnóstica. Consequentemente, observa-se um aumento importante dos casos de tumores pequenos, cuja importância clínica ainda é muito discutida.
As mulheres representam quase 75% de todos os casos de câncer de tireoide. A incidência aumentou tanto em homens quanto em mulheres; no entanto, esse aumento é mais expressivo nas mulheres. Embora dois terços dos cânceres de tireoide ocorram em pacientes com menos de 55 anos de idade, o aumento mais rápido na incidência foi observado em adultos com mais de 65 anos. Os adultos mais velhos apresentam a maior incidência de câncer na tireoide.
Os objetivos básicos da terapia inicial do CBDT são:
- aumentar a sobrevida geral e específica;
- reduzir o risco de doença persistente e recorrente;
- diminuir a morbidade relacionada à doença e ao tratamento;
- permitir o correto estadiamento da doença e a estratificação de risco.
A cirurgia adequada — com remoção completa do tumor primário e das metástases clinicamente significantes — representa a variável mais importante do tratamento, uma vez que influencia o prognóstico e facilita a terapia adjuvante, assim como o acompanhamento pós-operatório. Outros tratamentos, que atuam como coadjuvantes, são a radioiodoterapia e a supressão do hormônio estimulador da tireoide (TSH).