Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.
Hermann Hesse
- Introdução
Este capítulo tem como objetivo principal registrar e discorrer sobre a importância do papel do psicólogo na prática médica. Sabe-se, há muito, que o hospital é território do médico. Contudo, com a evolução de outras ciências, passou-se a constatar sua importância, por meio do trabalho multidisciplinar, na assistência ao paciente de forma mais ampla, enquanto ser biopsicossocial.
Nesse contexto, o trabalho do psicólogo é fundamental para compor esse cenário de acolhimento, compreensão e direcionamento do paciente (este, por sua vez, chega ao hospital com sua saúde física e mental fragilizada).
O psicólogo possui a importante função de mediar a complexa relação entre a equipe assistencial, o paciente e a instituição, visando coordenar todos os esforços para melhor qualidade de atenção ao paciente e para redução do tempo de hospitalização e reinternações.
A humanização da relação médico-paciente e do próprio ambiente hospitalar comprovadamente acelera sua recuperação, além de promover maior conforto durante o delicado processo de adoecimento.
Os casos clínicos abordados a seguir fazem parte do trabalho desenvolvido pela autora, por meio do projeto de humanização e acompanhamento psicológico com médicos residentes. O trabalho consiste em promover ações que reforcem e incentivem a humanização na saúde, para que a transição desses médicos generalistas em especialistas se dê de forma ampla, baseada no modelo de atendimento biopsicossocial. O objetivo também é auxiliar esses jovens médicos na construção de maturidade e resiliência para lidar com as graves doenças dessa especialidade de uma forma mais acolhedora e empática.
Por meio da aplicação de técnicas e recursos da psicologia, a função do psicólogo na equipe é ser facilitador do desenvolvimento de atributos da área afetiva, fundamentais para o exercício da medicina com qualidade e de habilidades comunicativas eficazes na relação médico-paciente. Tem como função, ainda, mediar conflitos pessoais e profissionais entre equipe, pacientes e instituição.
Nota da Editora: os medicamentos que estiverem com um asterisco (*) ao lado estão detalhados no Suplemento constante no final deste volume.
- Objetivos
Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de
- discorrer sobre a importância do papel do psicólogo na prática médica;
- apresentar as possíveis atuações do psicólogo junto ao paciente, à equipe assistencial e à instituição de saúde;
- avaliar a importância do apoio psicológico no processo saúde-doença;
- promover a melhora na qualidade de atenção ao paciente;
- defender a importância do trabalho multidisciplinar;
- descrever os aspectos psicológicos que acometem os pacientes no adoecimento;
- manejar os cinco estágios do luto;
- conscientizar-se sobre a humanização da relação médico-paciente;
- praticar maior empatia e sensibilidade diante do sofrimento humano;
- promover a construção do conceito de paciente em seus aspectos biopsicossociais;
- repensar a atuação da equipe de saúde diante das exigências da vida moderna;
- auxiliar o profissional de saúde a desenvolver habilidades de comunicação com pacientes e família;
- orientar os profissionais de saúde sobre a importância do autocuidado com sua saúde mental.
- Esquema conceitual